FATOS CURIOSOS SOBRE O ANTIGO EGITO


PARTE QUATRO


Se você seguir algum link destas páginas, retorne a elas usando o botão Voltar ou equivalente do seu navegador.

SARCÓFAGO DE RAMSÉS VI A tumba de Ramsés VI (c. 1151 a 1136 a.C.) foi roubada dentro de um período de 100 anos após a morte do faraó, como aliás aconteceu com a maioria das câmaras funerárias cavadas nas rochas do Vale dos Reis, e seu sarcófago foi quebrado em centenas de pedaços, provavelmente pelos ladrões. Felizmente, 90% dos fragmentos foram encontrados dentro do túmulo. Foi preciso que uma equipe de dez especialistas trabalhasse durante dois anos para juntar pacientemente 250 fragmentos quebrados e reconstruisse o sarcófago. A peça originalmente era constituída de um único bloco de pedra verde esculpido na forma de uma múmia e agora está exposta no túmulo do faraó, um dos maiores do Vale dos Reis, com brilhantes pinturas no seu teto abobadado e nas paredes. A tampa restaurada mostra uma face com olhos grandes e lábios grossos e as mãos cruzadas segurando os cetros reais. Muito da tampa se perdeu e alguns fragmentos das laterais estão apoiados em varas de aço. Apenas o rosto é uma réplica. O rosto original pertence ao Museu Britânico de Londres desde 1823. Agora o caixão pode ser visto na câmara mortuária do túmulo, no final de um corredor ornamentado, com 330 metros de comprimento, cavado no interior da montanha. O sarcófago originalmente estava inserido dentro de outro caixão de pedra, o qual também foi quebrado séculos atrás. O corpo mumificado do faraó foi movido, ainda no decorrer da história egípcia, para fora de seu túmulo para preservá-lo da pilhagem e atualmente se encontra no Museu Egípcio do Cairo.

AS BALSAS DA AVENTURA Dois norte-americanos foram as primeiras pessoas na história a completarem a descida integral do rio Nilo, desde sua nascente até o mar. Nesse desafio épico, os exploradores sobreviveram a ataques de crocodilos e hipopótamos, a fogo de artilharia de bandidos sudaneses, a capotagens nas corredeiras, a detenção por parte de milícias etíopes e egípcias, a temperaturas extremas, a violentas tempestades de areia e a malária. Iniciando na fonte, onde o rio nasce com o nome de Nilo Azul, na Etiópia, Pasquale Scaturro, do Colorado, e Gordon Brown, da Califórnia, levaram 114 dias para percorrerem os 5247 quilômetros e atingirem as praias do mar Mediterrâneo, em Alexandria, em 28 de abril de 2004. Scaturro é um geofísico e aventureiro conhecido que chefiou, em 2001, uma bem sucedida expedição ao Evereste. Seu acompanhante é especialista em caiaques e em filmagens de aventuras. Durante quatro meses, os dois exploradors viajaram pelo rio em um caiaque e duas balsas infláveis de cinco metros de comprimento, vistas na foto acima, filmando as experiências o tempo todo.
O Nilo é o rio mais magnífico no mundo — afirmou Scaturro. Tem corredeiras, cachoeiras, selvas, canyons, desertos, hipopótamos, crocodilos, longos e lindos trechos planos, enormes e lindas extensões de areia. Não há nenhum outro rio no mundo que se possa comparar. E nenhum outro rio no mundo está tão intimamente associado com uma cultura e uma sociedade em particular como o Nilo. Sem o Nilo não haveria Egito, nenhum faraó, nenhuma pirâmide. A história do mundo ocidental está inevitavelmente amarrada ao Nilo.
No século passado muitos exploradores tentaram descer o Nilo Azul, mas nenhum conseguiu. Pelo menos uma dúzia de homens morreu tentando. Desde 1964, três exploradores foram mortos a tiros, dois se afogaram e outro simplesmente desapareceu. O fato especialmente notável sobre essa viagem foi o de que, embora os aventureiros contassem com grupos locais de apoio, houve pouquíssima ajuda externa. Scaturro e Brown desceram todo o curso do rio por sua própria conta e risco. Eles tiveram que prover a própria comida, consertar seus equipamentos, vencer as burocracias governamentais e, basicamente, sobreviver por suas próprias habilidades.
Eu sei que quando eu estiver de volta ao Colorado — afirmou Scaturro ao terminar a aventura —, enfrentando o trânsito e preocupado com os detalhes da vida cotidiana, eu lembrarei desta expedição e desejarei estar de volta ao Nilo na Etiópia, no Sudão ou no Egito, seja acampado no fundo de um canyon de quilômetros de profundidade, seja dormindo em praias de areia com quilômetros de extensão e com bilhões de estrelas no céu, seja flutuando rio abaixo num trecho de deserto primitivo com um horizonte tão enorme que parece não ter fim.

VASO PRÉ-DINÁSTICO De repente um vaso falsificado virou verdadeiro. Ou melhor, um vaso pertencente a um museu inglês que se acreditava fosse falso, porque se fosse verdadeiro isso "seria muito bom para ser verdade", teve sua autenticidade confirmada e datado de 3200 anos a.C., ou seja, do Período Pré-dinástico. Durante 30 anos os "especialistas" consideraram o vaso uma fraude, mas testes realizados na Universidade de York, nos Estados Unidos, revelaram que ele fez parte de um primitivo sepultamento egípcio ocorrido há mais de 5000 anos atrás. Os peritos acreditam que dentre as representações de um enterro egípcio em um recipiente cerâmico existentes no mundo, esse vaso exibe uma das mais antigas. A decoração na vasilha, totalmente em vermelho, mostra uma figura em um barco, deitada de costas e na posição fetal, maneira pela qual alguns egípcios primitivos devem ter sido enterrados antes da mumificação ser introduzida. Essa figura principal está cercada por um íbex, uma variedade de cabra africana, palmeiras e pássaros. A figura ao lado, entretanto, só mostra o barco e seu passageiro. O vaso, com 30 centímetros de altura, foi feito de barro e ainda se pode ver impressas nele as marcas dos dedos do oleiro que lhe deu acabamento, visíveis depois de 50 séculos!

PLACA DE FERRO Em 1836, Richard Howard Vyse, coronel e explorador britânico, descobriu e removeu de dentro da pirâmide de Kéops uma chapa plana de ferro com dimensões aproximadas de 30 por 10 centímetros e espessura de 30 milímetros, a qual pode ser vista na foto ao lado. Ele a retirou de uma junta na alvenaria no ponto onde o conduto do lado sul da câmara do rei  alcança o exterior do monumento. Os engenheiros concordam que esta placa foi deixada naquele lugar durante a edificação da pirâmide e não foi inserido posteriormente. Outro arqueólogo famoso, Flinders Petrie, examinou essa peça em 1881 e concluiu que ela era genuína. Em 1989 ela foi submetida a uma análise científica através de testes químicos e óticos. Uma das hipóteses era a de que o metal pudesse ter vindo de um meteorito. Está bem documentado que civilizações primitivas e da idade da pedra usaram ferro de meteoritos para alguns implementos. Em verdade eles conseguiram fazer instrumentos de ferro bruto a partir do ferro dos meteoritos bem antes da idade do ferro. Envolta na múmia de Tutankhamon foi encontrado um punhal feito de ferro meteorítico. Para descobrir se um pedaço de ferro é oriundo de um meteorito ou fabricado pelo homem, basta examinar o conteúdo de níquel do ferro, já que o ferro de origem sideral tem um teor de níquel mais alto do que o ferro encontrado na Terra. A análise da placa metálica permitiu concluir que ela seguramente não é de origem meteorítica, pois contém apenas traços de níquel, além de traços de ouro em sua superfície, tendo talvez sido algum dia folheada a ouro. Os cientistas que fizeram a análise, escreveram: Concluiu-se, com base na presente investigação, que a chapa de ferro é muito antiga. Além disso, a evidência metalúrgica sustenta a evidência arqueológica que sugere que a peça foi incorporada ao interior da pirâmide no momento em que aquela estrutura estava sendo construída. A importância de tudo isso é que talvez possa levar a que alteremos a data da idade do ferro em 2000 anos. Também se indaga atualmente se essa placa poderia ter alguma relação com a laje com alças de cobre descoberta no conduto da câmara da rainha. Especula-se, ainda, que a placa poderia ser fragmento de uma peça maior que se encaixaria na saída do conduto de ar da câmara do rei.

PRETENSAS RELÍQUIAS Ossos carbonizados que, supostamente, pertenciam a Joana d'Arc eram, na realidade, de uma múmia egípcia. A descoberta foi feita por um cientista forense francês. Relíquias que teriam vindo do local onde a santa foi queimada em 1431, aos 19 anos de idade, acusada de bruxaria, foram examinados por uma equipe composta por 20 pessoas, chefiada por Philippe Charlier. Todo o material, inclusive um fragmento de tecido com 15 cm e uma costela humana, foi examinado ao microscópio e submetido a testes químicos. Detalhada inspeção da costela mostrou que ela não havia sido queimada, mas parece ter sido aquecida para criar uma crosta enegrecida na superfície. Por sua vez, o fragmento de pano feito de linho tem as características do tecido usado para envolver as múmias e contém grande quantidade de pólen de árvores pináceas. Resina das pínáceas eram extensamente usadas no Egito para embalsamar e as árvores desta espécie não cresceram na Normandia durante o tempo de Joana d'Arc. A prova final veio da análise por carbono-14, a qual datou os restos humanos do período entre o terceiro e o sexto séculos a.C. Análises químicas de todas as relíquias apontam o Egito como seu lugar de origem, pois elas se encaixam mais nos perfis de múmias egípcias do que no de ossos queimados. Especialistas em odores da indústria dos perfumes também foram convocados para darem pareceres. Com os olhos vendados, eles cheiraram vários objetos, entre os quais as relíquias, e nesse caso identificaram os aromas de gesso queimado e baunilha. O cheiro de gesso queimado é consistente com o fato de Joana ter sido, provavelmente, queimada em uma estaca de gesso para prolongar o espetáculo macabro, porque uma estaca de madeira desmoronaria mais rapidamente. Entretanto, o cheiro de baunilha não se encaixa. A baunilha é produzida durante a decomposição do corpo e pode ser encontrada em múmias, mas não em alguém que foi cremado. O odor de gesso vem provavelmente do gipso, um sulfato natural hidradato de cal presente na bandagem. As pretensas relíquias surgiram em 1867 em um jarro no sótão de uma farmácia de Paris. Elas estavam rotuladas "Restos achados debaixo da estaca de Joana d'Arc, virgem de Orleans" e foram reconhecidas oficialmente pelo Vaticano como sendo autênticas. Charlier acredita que a falsificação tenha sido preparada durante o século XIX por um químico ou farmacêutico. Não se sabe quem realizou a fraude, mas acredita-se que não tenha sido por dinheiro e sim, talvez, para aumentar a importância do processo de beatificação de Joana. Dois detalhes curiosos finais: entre as relíquias existia um fêmur de gato, o que poderia ser explicado pela prática de lançar gatos pretos sobre as piras de bruxas condenadas; quanto ao porque do jarro com pedaços de múmia que deu origem à fraude estar em uma farmácia de Paris, deve-se ao fato de que era prática aparentemente comum, na época, usar restos de múmias pulverizados para tratar problemas do estômago, doenças longas ou dolorosas e todos os males do sangue.

Médicos da Universidade de Manchester, nos Estados Unidos, estão convencidos de que os antigos egípcios praticavam uma forma eficiente de medicina e farmacologia. Comfrontando os remédios do antigo Egito com os protocolos e padrões farmacêuticos modernos, eles descobriram que as prescrições nos documentos antigos não apenas são comparáveis aos preparados farmacêuticos atuais, mas que muitos dos remédios tinham mérito terapêutico verdadeiro. Papiros médicos, datados de aproximadamente 1500 anos a.C., descobertos em meados do século XIX da nossa era, mostram que os antigos médicos egípcios trataram feridas com mel, resinas e metais, produtos conhecidos por serem antimicrobianos. A equipe também descobriu prescrições de laxantes feitos de óleo de rícino, de colocíntida, que é uma espécie de pepino amargo e purgativo, e laxantes a granel de figos e farelo de trigo. Também foram encontradas evidências de tratamento de doenças como a cólica com um álcali que se extrai do meimendro, que ainda é usado hoje, e de medicamentos contra flatulência intestinal com cominho e coentro. Desordens músculo-esqueléticas eram tratadas com rubefacientes, ou seja, aplicações externas que excitam a vermelhidão da pele estimulando o fluxo sanguíneo, e cataplasmas para esquentar e acalmar. Os antigos egípcios usaram aipo e açafrão para reumatismo, o que é atualmente tópico de pesquisas farmacêuticas, enquanto que a romã foi usada para erradicar solitária, um remédio que permaneceu em uso clínico até 50 anos atrás. Outros ingredientes que permaneceram em uso até hoje são a acácia, que ainda é usada em remédios contra tosse, e a babosa, que forma uma base para acalmar e curar afecções da pele. A verdade é que muitos dos antigos remédios empregados no Egito sobreviveram até o século XX da nossa era e alguns permanecem em uso até hoje, embora o componente ativo seja agora produzido sinteticamente. Os resultados da pesquisa são muito significativos, pois mostram que os antigos egípcios praticavam uma medicina eficiente muito antes dos gregos.





Anterior:
FATOS CURIOSOS
SOBRE O ANTIGO
EGITO — PARTE 3

CASTELO DE CORAL
A seguir:
FATOS CURIOSOS
SOBRE O ANTIGO
EGITO — PARTE 5

VESTIMENTA DE TUTANKHAMON
HOME PAGEHome page