Descobertas Arqueológicas |
Desde 1872 que se sabe da existência de dois condutos que saem da câmara da rainha. Naquele ano eles foram descobertos pelo arqueólogo britânico Waynman Dixon que perfurou as paredes do recinto e expôs as aberturas inferiores dos condutos, as quais estavam anteriormente fechadas e, portanto, totalmente invisíveis. O que não se conhece, por enquanto, é a sua finalidade. Entre os dias 6 e 28 de março de 1993, Rudolf Gantenbrink, um engenheiro especializado em robótica, contando com o apoio do Instituto Alemão de Arqueologia, explorou o conduto do lado sul usando um pequeno robô. Descobriu, então, que esse conduto de seção quadrada, com lados medindo 20 centímetros, ao atingir 65 metros de comprimento, tinha sua extremidade bloqueada por uma laje de pedra, como vemos na figura abaixo. Até esse ponto todos os blocos encontrados eram de pedra calcária local, mas o bloco final, antes da laje, era de pedra calcária de qualidade muito superior, provavelmente originária das montanhas de Mocatam, situada a 30 km do Planalto de Gizé, no outro lado do Nilo. Trata-se do mesmo material que os construtores usaram para as pedras de alta qualidade do revestimento externo da pirâmide e para os sistemas de câmaras. Por sua vez, o acabamento do último bloco em frente à laje também é muito superior a qualquer coisa que os pesquisadores já tinham visto ao longo dos condutos pesquisados. A laje tem presos a ela dois artefatos de cobre que parecem alças. Além disso, existem dois círculos, duas marcas brancas nessas alças de cobre que poderiam ser selos, sinetes faraônicos, feitos de gesso branco, embora os egiptólogos não tenham sido unânimes quanto a esse ponto naquela época. A laje passou a ser conhecida popularmente como "a porta", embora esse termo, provavelmente, seja inadequado. Aparentemente essa pedra de fechamento foi enbutida com grande precisão e se mantém no lugar por meio de encaixes sem uso de argamassa. Sendo assim pode-se supor que a laje é, de uma maneira ou de outra, movediça. Na ocasião não foi possível explorar em profundidade o conduto do lado norte, pois ele, depois de 18 metros de extensão, realiza uma curva que o robô não estava preparado para enfrentar. Esses resultados iniciais intrigaram os egiptólogos desde aquela época. No início de 2002 procurou-se construir um robô sob medida que pudesse explorar a continuação do conduto sul. Dando prioridade máxima ao projeto, o robô ficou pronto em poucas semanas. Tem 12 cm de largura, 30 cm de comprimento e sua altura pode variar entre 11 e 28 cm. A altura pode ser expandida ou contraida, o que permite que ele se agarre ao topo ou ao fundo do conduto, para maior estabilidade e mobilidade. Está preso ao seu controlador e leva luzes e equipamento de vídeo, como também outras ferramentas arqueológicas de alta tecnologia. Move-se a uma velocidade máxima de 4,5 m por minuto, embora calcule-se que a média seja de 1,5 m por minuto para permitir aos engenheiros e cientistas examinarem o conduto detalhadamente. O aparelho foi empregado em duas missões durante 2002, em 16 e 23 de setembro. Este robô notável excedeu todas as expectativas. Ultrapassou vários obstáculos significativos no conduto sul, alcançou a pedra de bloqueio, usou ferramenta de ultra-som para determinar a profundidade daquela pedra e perfurou com precisão um pequeno buraco de 2 cm de diâmetro no bloco, cuja espessura era de apenas 5 cm. Uma pequena câmera de fibra ótica adaptada ao braço extensível foi inserida pelo orifício e verificou-se a existência de uma pequena câmara com 17 cm de comprimento bloqueada por outra pedra de aspecto rústico. Todo o trabalho foi realizado sem danificar a pirâmide. A equipe explorou ainda o conduto do lado norte e descobriu — adivinhem — outra laje no final do conduto, igualmente com dois artefatos de cobre parecendo alças presos a ela, desta vez inteiros. Tanto essa "porta" quanto a do conduto sul estão localizadas à mesma distância da câmara da rainha. A perfuração dessa pedra de bloqueio do conduto norte está sendo planejada pelos técnicos enquanto os arqueólogos estudam se as "portas" tinham papel estrutural ou simbólico. Talvez os condutos e as lajes de bloqueio possam estar relacionados com a religião, já que os textos egípcios falam que a alma do faraó encontraria uma série de portas antes de alcançar a recompensa da vida após a morte. Um dos enigmas relacionados aos condutos da câmara da rainha é o fato de que eles não têm saída para o exterior do monumento. Análises de computador indicaram que se as saídas existissem elas deveriam ocorrer na altura da nonagésima camada da pirâmide. Exames cuidadosos do trecho compreendido entre a octogésima e a centésima primeira camadas não foram capazes de detectar qualquer saída dos condutos. Isso significa que um enorme esforço foi feito para construir os condutos de tal modo que ficassem permanentemente invisíveis. |
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