A máscara funerária de Tutankhamon, com seus 11 quilos de ouro maciço, é provavelmente a principal obra de arte que a antiga civilização egípcia nos legou. Entretanto, em agosto de 2014 uma manobra desastrada fez com que a barba trançada azul e dourada se destacasse do queixo do faraó. Três conservadores do Museu Egípcio do Cairo, onde a peça se encontra, deram versões diferentes sobre o incidente e não foi possível concluir o que realmente aconteceu. Uma das versões é a de que houve falta de concentração dos funcionários na retirada da máscara de seu estojo e a peça acabou batendo na caixa e quase caiu. Então alguém pegou-a nos braços para evitar a queda e a barba se separou. A máscara deveria ter sido levada para o laboratório de conservação para reparo, mas havia necessidade de tornar a exibi-la rapidamente e foi usado epóxi, material irreversível de secagem rápida, para fixá-la novamente, o que danificou a relíquia. Agora é possível notar uma camada de amarelo transparente entre a face e a barba, enquanto que antes elas estavam diretamente presas uma à outra. Além disso, um excesso de epóxi endurecido foi removido com uma espátula o que deixou arranhões na máscara. Acima foto, cujo copyright é de Jacqueline Rodriguez, do momento em que a máscara estava sendo reparada.
ATUALIZAÇÃO
Em outubro de 2015 a máscara passou por um novo procedimento a fim de consertá-la. Desta vez o alemão Christian Eckmann liderou a equipe de reparos da barba. Ele é especialista em trabalhos de restauração de antiguidades em vidro e metal, os dois principais componentes do artefato. O epóxi endurecido foi retirado mecanicamente com uso de varetinhas de madeira, como pode ser visto no detalhe ao lado, pois esse tipo de cola não é solúvel. Nenhum produto químico foi usado para remover a resina. Um estudo feito baseado nos arquivos daquele museu revelou que, em 1922, quando Carter descobriu o tesouro, a barba cerimonial já estava solta e ele mesmo a removeu pela primeira vez. Somente em 1946 ela foi recolocada. Duas informações novas surgiram: a primeira é a de que a barba tem um tubo interno que a conecta ao rosto e a segunda é a de que a recolocação da barba em 1946 foi feita com solda macia. Técnicas antigas foram implementadas no processo de restauração atual. A equipe usou cera de abelha como adesivo já que era um material comum no Egito antigo e, sendo orgânico, apresenta menos risco de danificar o metal da peça. Todo o trabalho demorou nove semanas para ser concluído e ela voltou a ser exposta ao público na quarta-feira 16 de dezembro de 2015.
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Em janeiro de 2016 as autoridades egípcias que investigam violações legais praticadas por funcionários públicos acusaram oito pessoas envolvidas na restauração mal feita de "negligência grosseira e violação flagrante de regras científicas e profissionais". Os acusados foram um diretor do museu, o chefe do departamento de restauração, quatro especialistas em restauração e dois restauradores. Todos foram afastados de suas funções para enfrentarem um tribunal disciplinar que poderia impor pesadas multas pelos danos causados à máscara e, possivelmente, seriam demitidos em algum momento no futuro. Entretanto, não seriam enviados para a prisão.
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