TRANSPORTE DE UM COLOSSO No transporte terrestre dos enormes blocos de pedra das pirâmides é altamente improvável que tenham sido empregados veículos com rodas. Essa pelo menos é a opinião de vários estudiosos do assunto, entre eles o egiptólogo I.E.S.Edwards. Ele afirma que embora algumas das possibilidades de transporte da roda tenham sido empregadas pelo menos em épocas tão remotas quanto a V dinastia, cenas de túmulos da XVIII dinastia demonstram que, mesmo após um lapso de tempo de mil anos, estátuas e pesados blocos de pedra não eram movidos por transporte com rodas. Ao invés disso empregavam-se trenós e há poucas dúvidas de que os construtores das pirâmides também usavam esse método. Cada bloco era provavelmente elevado até o trenó seja diretamente a partir do solo ou por meio de uma rampa baixa feita de tijolo ou pedra. Tanto o trenó quanto o bloco, unidos por meio de cordas, podiam então ser erquidos novamente por meio de alavancas, de maneira que rolos de madeira pudessem ser colocados por baixo. O trenó carregado seria subsequentemente arrastado por um caminho pavimentado com vigas de madeira, por homens que puxavam cordas a ele amarradas.

Uma ilustração dessse processo de transporte foi incluída por Djehutihotepe, um nobre da XII dinastia (ano 1800 a.C.), em sua tumba de el-Bersha. A cena, que se vê acima, mostra uma estátua de alabastro desse governador de província montada em um trenó e sendo puxada por 172 homens. Esse colosso não mais existe, mas as inscrições indicam que tinha seis metros e 50 centímetros de altura e pesava cerca de 60 toneladas. Ele está solidamente preso ao trenó por grossas cordas e faixas protetoras podem ser vistas embaixo dos cabos, em pontos estratégicos da estátua. Na parte inferior do baixo-relevo vê-se três trabalhadores carregando algum líquido, provavelmente água. Outro trabalhador, instalado na base da estátua, derrama esse líquido, seja ele qual for, no solo em frente ao trenó, para diminuir a fricção e, assim, facilitar o arraste. Comentando a cena Djehutihotepe mandou escrever:

A rota pela qual a estátua devia descer das pedreiras era muito difícil e como a energia das pessoas seria exaurida ao puxar esse enorme peso sobre essa rota, mandei construir um novo caminho. Então os homens fortes disseram: "Aqui estamos nós, vamos carregá-lo." Com isso meu coração encheu-se de júbilo e o povo da vila se reuniu alegremente. Era bonito de ver, mais bonito do que qualquer outra coisa! Os homens estavam lá com possantes braços e os fracos também e entre os voluntários havia até mesmo um velho que se apoiava em um jovem. Grande era a coragem dessa gente, seus braços tornavam-se cada vez mais fortes e cada um se comportava como mil homens. Todos gritavam e aplaudiam e assim que chegamos na vila uma multidão nos recebeu cantando. Era um belo espetáculo de se ver, mais belo que qualquer outro no mundo!


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