Uma tumba foi encontrada na necrópole de Draa Abul Naga, em Luxor, em setembro de 2017, após cinco meses de escavações sob um sol escaldante. O local, localizado perto do Vale dos Reis na margem esquerda do Nilo, era uma necrópole para nobres e altos funcionários governamentais. Foi uma descoberta importante pois havia jóias, quatro ataúdes de madeira, parcialmente danificados e decorados com hieróglifos e cenas com diferentes divindades, dos quais vemos um na foto abaixo, e ainda vários crânios, cerâmica, equipamentos funerários, máscaras funerárias esculpidas em madeira e quatro múmias, as quais teriam pertencido a um ourives e sua família. O nome dele era Amenemhat, que significa Amon está na vanguarda. Ele era um ourives proeminente da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.) e servia ao deus Amon. Trabalhava como joalheiro para a elite da época, inclusive para a família real.
Logo na entrada do recinto quadrado havia uma estátua de arenito ligeiramente danificada representando o ourives e sua esposa, Amenhotep, sentados lado a lado, como vemos na foto do topo desta página. Ao pé do casal está esculpida em relevo a imagem de um de seus filhos. Passado este ponto existem dois ambientes de sepultamento. O da direita está a sete metros de profundidade e, provavelmente, destinava-se a abrigar o casal. Nele foram encontradas várias múmias, sarcófagos, máscaras funerárias e várias outras estátuas de ambos. Ao lado vemos uma das máscaras funerárias encontradas. No da esquerda a evidência era bastante clara de que o túmulo havia sido reutilizado em data posterior, pois nessa segunda câmara havia sarcófagos da XXI dinastia (c. 1070 a 945 a.C.), da XXII dinastia (c. 945 a 712 a.C.) e posteriores.
Em outro ambiente que parte da câmara funerária principal havia as múmias de uma mulher e dois homens, provavelmente seus filhos. Ela morreu com cerca de 50 anos e mostra sinais de ter sido portadora de doença óssea bacteriana causadora de abcessos. Deve ter sofrido muito no fim da vida, pois seus abcessos eram anormalmente grandes. Os corpos estavam em dois caixões separados, com os filhos empilhados em um deles, e a mãe no outro. A idade dos homens situa-se entre 20 e 30 anos, seus corpos estão bem preservados e os ossos ainda mostram traços do líquido usado na mumificação. Eles devem ter sido enterrados em data posterior ao sepultamento da mãe. Os crânios estão desenfaixados indicando que ladrões já procuraram objetos valiosos entre as bandagens. Não está claro se as múmias têm relação com Amenemhat.
Outros itens descobertos durante a escavação incluem restos calcários de uma mesa de oferendas e um conjunto de 50 cones funerários, um tipo de cerâmica timbrada inscrita com o título e o nome do dono do túmulo, muitas vezes com uma breve oração. Destes, 40 devem pertencer a outros quatro funcionários que viveram naquela época e cujos restos ainda terão que ser localizados. Portanto, é provável que quatro novos túmulos sejam enconrados brevemente. Também foi achada uma coleção de 150 estatuetas funerárias esculpidas em faiança, madeira, pedra calcária e barro, das quais vemos um aspecto na foto ao lado. Apesar do túmulo pertencer indubitavelmente a Amenemhat, seus restos mortais não foram identificados sem sombra de dúvida dentro da tumba.
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