Em fevereiro de 1995 Christopher Dunn esteve no Cairo e aproveitou a oportunidade para medir alguns dos artefatos produzidos pelos construtores das pirâmides. Segundo ele, tais medições provaram, sem sombra de dúvida, que ferramentas e métodos altamente avançados e sofisticados foram empregados por essa antiga civilização. Dunn examinou três peças usando alguns instrumentos especiais que adquirira. Um deles visava determinar a precisão com a qual os artefatos haviam sido confeccionados. O primeiro objeto que inspecionou foi o sarcófago do interior da pirâmide de Kéfren, que vemos na foto acima. Ele se surpreendeu ao verificar que a superfície do interior da caixa era perfeitamente lisa e plana. Também lhe pareceu que os cantos internos arredondados do sarcófago tinham um raio uniforme em toda sua extensão, sem variação da precisão da superfície no ponto de tangenciamento.
As perguntas que lhe vieram à mente foram: Por que o interior de uma enorme caixa de granito foi acabada com a exatidão que usamos em placas de revestimento de precisão? Como fizeram isso? E por que fizeram isso? Por que consideraram essa peça tão importante que se deram a tão grande trabalho? Seria impossível fazer esse tipo de trabalho no interior de um objeto manualmente. Mesmo com a maquinaria moderna, seria uma tarefa muito difícil e complicada. Seria uma tarefa grandemente problemática a de polir o interior da caixa com a precisão que se observa no sarcófago, a qual resultou numa superfície completamente plana no ponto onde as laterais encontram os cantos curvos. Há problemas físicos e técnicos associados com uma tarefa como essa que não são fáceis de resolver. Poderiam ser usadas brocas para desbastar o interior, mas quando se trata de terminar uma caixa deste tamanho com uma profundidade interior de 75,15 centímetros enquanto se mantém um raio no canto de menos de 1/2 polegada, há alguns desafios significativos para superar.
O pesquisador também teve oportunidade de examinar os túneis cavados na rocha no Serapeum, em Saqqara. Lá se encontram 21 enormes sarcófagos de granito, como este que vemos ao lado, que pesam, juntamente com suas respectivas tampas, cerca de 100 toneladas cada um. A matéria-prima foi extraída a cerca de 800 quilômetros de distância, nas pedreiras de Assuão. Cada peça tem, aproximadamente, quatro metros de comprimento, dois metros e 28 centímetros de largura e 3 metros e 35 centímetros de altura. Estão instalados em criptas escavadas na pedra calcária em intervalos regulares ao longo dos túneis. O piso das criptas fica cerca de um metro e 20 centímetros abaixo do piso do túnel e os sarcófagos estão colocados em recessos centrais. Ao examinar esse conjunto, Christopher Dunn se questionou sobre os problemas de engenharia existentes para instalar tais caixas enormes em espaços confinados e com a última cripta localizada próximo ao fim do túnel. Como colocá-las no lugar se ali não havia espaço para que centenas de escravos puxando cordas pudessem posicionar os sarcófagos?
Ao examinar o lado externo de um desses sarcófagos, Dunn constatou que era uma superfície perfeitamente plana, sem qualquer desvio. Examinou ainda o interior de outro sarcófago desses e constatou, novamente, que a superfície era absolutamente plana. Ele também checou uma tampa e a superfície sobre a qual ela se apoiava e constatou, pela terceira vez, que ambas eram perfeitamente planas. Isso produzia um fechamento hermético no caixão, já que duas superfícies absolutamente planas entravam em contato e o peso de uma delas expulsava o ar existente entre ambas. Finalmente, usando um esquadro de altíssima precisão, inspecionou o ângulo formado entre essa tampa de 27 toneladas e a superfície interior do sarcófago sobre o qual ela se apoiava. Verificou que o lado inferior da tampa e a parede interior da caixa formavam um ângulo reto absolutamente perfeito e que o fato se dava não apenas num lado da caixa, mas em ambos, o que aumenta o nível de dificuldade para realizar esse feito.
Pense nisso como uma realidade geométrica — comentou Chistopher Dunn. Para que a tampa fique no esquadro com as duas paredes internas, estas têm que ser paralelas entre si ao longo do eixo vertical. E ainda mais, a parte superior da caixa precisa formar um plano que esteja no esquadro com as laterais. Isso torna o acabamento do interior exponencialmente mais dificil. Os fabricantes desses sarcófagos do Serapeum não apenas criaram superfícies internas que são planas quando medidas vertical e horizontalmente, mas também se certificaram de que as superfícies que estavam criando estivessem no esquadro e paralelas umas com as outras, com uma superfície, o topo, tendo laterais que estão afastadas entre si entre 1,5 e 3 metros. Mas sem tal paralelismo e sem o perfeito esquadro da superície do topo, o perfeito esquadro notado em ambas as laterais não poderia existir.
Realizando seu trabalho, Chistopher Dunn sentia a atmosfera carregada de poeira do interior daqueles túneis, o que tornava difícil a respiração. Ficou então imaginando o desconforto e quão insalubre seria dar acabamento a qualquer uma daquelas enormes peças de granito, seja lá qual fosse o método empregado. Uma melhor alternativa seria executar o trabalho fora daquele ambiente. Eu estava tão surpreso com este achado — escreveu ele — que não me ocorreu, a não ser mais tarde, que os construtores destas relíquias, por alguma razão esotérica, desejavam que elas fossem extremamente precisas. Eles tinham se dado ao trabalho de trazer para o túnel o produto inacabado e terminaram-no no subterrâneo por uma boa razão! Essa é a coisa lógica a fazer se você requer um alto grau de precisão na peça em que está trabalhando. Terminar a peça com tal precisão em um local que mantivesse uma atmosfera diferente e uma temperatura diferente, como ao ar livre debaixo do sol quente, significaria que quando ela fosse finalmente instalada dentro do túnel frio, numa temperatura semelhante à de uma caverna, aquela precisão seria perdida. O granito mudaria sua forma por expansão e contração térmica. A solução, naquela época como hoje em dia, é claro, é preparar superfícies de precisão no local no qual elas deverão ser utilizadas.
Com que propósito os egípcios extraíram de suas minas blocos de granito de 90 toneladas, escavaram seu interior e o fizeram com tão alto nível de precisão? Por que acharam necessário trabalhar a superfície no topo desta caixa de maneira a torná-la perfeitamente plana de forma que uma tampa, com uma superfície no seu lado inferior igualmente plana, se assentasse perfeitamente no esquadro com relação às paredes interiores do sarcófago? Dunn comenta que ninguém faz esse tipo de trabalho a menos que haja um elevado propósito para o artefato. Até mesmo a idéia deste tipo de precisão não ocorreria a um artesão, a menos que não houvesse nenhum outro meio para atingir aquilo que se pretendia que o artefato fizesse.
A única outra razão pela qual tal precisão poderia ser implantada em um objeto seria a de que as ferramentas usadas para criá-lo fossem tão precisas que fossem incapazes de produzir qualquer coisa menos exata. Em qualquer dos dois cenários, estamos olhando para uma civilização de um nível mais alto do que aquele que é normalmente aceito hoje em dia. Para ele as implicações desse fato são surpreendentes e enfatiza: É por isso que acredito que estes artefatos que examinei no Egito são a evidência incontestável que prova, sem sombra de dúvida, que uma civilização mais adiantada do que aquela que aprendemos existiu no antigo Egito. A evidência está gravada na pedra. Pode-se argumentar que a falta de maquinaria refuta a existência de uma sociedade avançada entre os antigos egípcios. Mas Dunn contesta tal argumento dizendo que uma falta de evidência não é evidência. É falacioso negar ou ignorar o que existe argumentando com aquilo que não existe. O autor sugere que sejam feitos estudos mais aprofundados nesses sarcófagos para que se descubra que finalidade levou os artífices egípcios a buscarem tão alto grau de precisão, já que a intenção nesse sentido está bastante clara. Talvez as superfícies das caixas até estejam acabadas com precisão ótica. Se assim for, por quê? Entretanto, não era o objetivo de Christopher Dunn analisar esse tipo de detalhe.
Quando retornou aos Estados Unidos, Dunn contatou quatro fabricantes de granito de precisão e não encontrou ninguém que pudesse fazer um artefato semelhante. Um deles informou que um pedaço de granito daquele tamanho deve pesar cerca de 90.000 quilos e, se uma peça daquele tamanho estivesse disponível, seu custo seria enorme. O pedaço do granito bruto valeria algo em torno de 115 mil dólares. Este preço não incluiria o corte do bloco no tamanho adequado ou qualquer custo de frete. O próximo problema óbvio seria o transporte. Seriam necessárias muitas licenças especiais a serem emitidas pelos órgãos competentes que custariam outros milhares de dólares. E, entretanto, os egípcios moveram esses pedaços de granito por quase 800 quilômetros. O mesmo fabricante informou que sua empresa não tinha o equipamento ou a capacidade técnica para produzir caixas semelhantes. O que poderiam fazer seria produzir as caixas em cinco pedaços, transportá-los até o cliente e juntá-los no local.
O terceiro objeto que Chistopher Dunn examinou, e que vemos na foto abaixo, foi um pedaço de granito encontrado nas proximidades do planalto de Gizé e sobre o qual concluiu que os construtores das pirâmides tiveram que usar uma máquina capaz de executar contornos precisos em três eixos de movimentação (X-Y-Z) para guiar a ferramenta num espaço tridimensional e criar a peça. Ainda que sejam inacreditavelmente precisas, superfícies planas normais, simples geometricamente, podem ter sua fabricação explicada através de métodos simples. Entretanto, a peça encontrada suscitou na mente de Dunn não apenas a pergunta: Que ferramenta foi usada para cortá-la?, mas também outra indagação muito mais complexa: O que guiou a ferramenta de corte?
Como introdução para a resposta, o autor explica que muitos dos artefatos que a civilização moderna criou seriam impossíveis de produzir usando-se trabalho puramente manual. Estamos rodeados por artefatos que são o resultado da criação de ferramentas que superam nossas limitações físicas. Nós desenvolvemos máquinas ferramentas para criar os moldes que produzem os contornos estéticos dos carros que dirigimos, dos rádios que escutamos e dos eletrodomésticos que usamos. Para criar os moldes que produzem tais artigos, uma ferramenta cortante tem que seguir com precisão um contorno predeterminado em três dimensões. Em algumas aplicações ela irá se mover em três dimensões usando, simultaneamente, três ou mais eixos de movimentação. O artefato que ele examinou exigiria um mínimo de três eixos de movimentação para sua confecção.
Quando a indústria de ferramentas elétricas era relativamente jovem, foram empregadas técnicas onde a forma final era dada à mão, usando modelos como guia. Hoje, com o uso de máquinas controladas por computador, pouco se usa o trabalho manual. Um pequeno polimento para remover marcas indesejáveis da ferramenta talvez seja o único trabalho manual requerido. Então, para descobrir que um artefato foi produzido em tal máquina, precisamos encontrar uma superfície precisa com sinais das marcas de ferramenta que mostrem o caminho da ferramenta em si. Isto foi o que Chistopher Dunn encontrou em Gizé, aproximadamente dez metros a leste da segunda pirâmide. Eram dois pedaços de granito que tinham sido originalmente um único pedaço, mas que se quebrara. O pesquisador teve sua atenção despertada pela precisão do contorno e sua simetria. Os dois objetos encontrados, quando juntos, assemelhavam-se a um pequeno sofá. O assento é um contorno que se funde com as paredes dos braços e com o encosto. O autor examinou-o e considerou-o extremamente preciso. A conclusão a que chegou é a de que houve uso de maquinaria motorizada de alta velocidade e que técnicas modernas de mecânica não convencional foram empregadas na fabricação dos artefatos de granito achados em Gizé e em outros locais no Egito. Dunn advoga que se faça um estudo sério e oficial por pessoas qualificadas, de mente aberta, que poderiam abordar o assunto sem noções preconcebidas.
Em termos de um entendimento mais amplo do nível de tecnologia empregado pelos antigos construtores das pirâmides — ele comenta, as implicações dessas descobertas são tremendas. Nós não só estamos diante de fortes evidências que parecem nos ter escapado durante décadas, e que oferecem indícios adicionais que provam que os antigos egípcios estavam bem avançados, mas também temos oportunidade de reanalisar tudo de uma perspectiva diferente. Entender como algo é feito abre uma dimensão diferente na tentativa de determinar porque foi feito. A precisão nestes artefatos é irrefutável. Até mesmo se nós ignorarmos a pergunta de como eles foram produzidos, estaremos ainda face à questão do porque tal precisão foi necessária.
Ainda que possamos admitir que máquinas avançadas realmente tenham sido empregadas, fica a pergunta: onde estão as máquinas? Quanto a tal assunto o pesquisador inglês pondera que máquinas são ferramentas e que nenhuma ferramenta foi encontrada para explicar qualquer teoria sobre como as mais de 80 pirâmides foram construídas ou caixas de granito foram cortadas. Até mesmo se nós aceitássemos a noção de que ferramentas de cobre são capazes de produzir esses artefatos incríveis, os poucos instrumentos de cobre que foram descobertos não representam o número de tais ferramentas que teriam que ter sido usadas se cada canteiro que trabalhou nas pirâmides, apenas em Gizé, possuísse uma ou duas delas.
Depois de garantir existirem poucas dúvidas de que subestimamos seriamente as capacitações dos antigos construtores das pirâmides, Christopher Dunn escreve: A interpretação e o entendimento de um nível de tecnologia de uma civilização não deveriam depender da preservação de um registro escrito de toda a técnica que eles tenham desenvolvido. Os fatos básicos de nossa sociedade nem sempre merecem elogios e uma pedra testamento mural, muito provavelmente, seria erigida para transmitir uma mensagem ideológica, ao invés da técnica empregada para entalhá-la. Registros da tecnologia desenvolvidos pela nossa moderna civilização permanecem em mídia vulnerável e poderiam deixar de existir no caso de uma catástrofe mundial, tais como uma guerra nuclear ou uma nova idade do gelo. Por conseguinte, depois de vários milhares de anos, uma interpretação dos métodos usados por um artesão poderia ser mais precisa do que uma interpretação do seu idioma. O idioma da ciência e da tecnologia não tem a mesma liberdade da fala. Assim, embora as ferramentas e máquinas não tenham sobrevivido milhares de anos após seu uso, nós temos que assumir, por análise objetiva da evidência, que elas existiram.
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