COMO FORAM CONSTRUIDAS


O USO DE


MAQUINARIA AVANCADA


PARTE DOIS

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PEÇAS EXAMINADAS POR PETRIE Embora não se dê aos antigos egípcios o crédito de terem usado uma simples roda — afirma Christopher Dunn —, a evidência prova que eles não só usaram a roda, como deram a ela um uso mais sofisticado. A evidência de trabalho com torno mecânico é claramente observável em alguns dos artefatos existentes no Museu do Cairo, como também naqueles que foram estudados por Petrie. Dois pedaços de diorito na coleção de Petrie foram identificados por ele como sendo
o resultado de verdadeiro torneamento em um torno mecânico.
Dunn esclarece que podem ser criados objetos complicados sem a ajuda de maquinaria: basta simplesmente esfregar o material com um abrasivo como areia e usar um pedaço de osso ou madeira para aplicar pressão. Entretanto, Petrie afirmou que as relíquias que ele examinara, como algumas dessas que vemos acima, não poderiam ser produzidas por qualquer processo de abrasão ou fricção exercido sobre a superfície.

Petrie examinou uma prosaica tijela de pedra. Observando-a detalhadamente TAMPA DE UM SARCÓFAGO percebeu que nela havia um vértice afiado onde dois raios se cruzavam. Isso indicava que os raios tinham sido cortados em dois eixos separados de rotação. Ao examinar outras peças de Gizé, Petrie achou outro fragmento de tigela que tinha as marcas de verdadeiro torneamento em torno mecânico. Dunn afirma que ao visitar o Museu do Cairo também encontrou evidência do uso do torno mecânico em larga escala como, por exemplo, numa tampa de sarcófago cuja foto vemos acima. Examinando-a detalhadamente e baseado em sua experiência como metalúrgico, concluiu que as marcas das ferramentas deixadas na peça correspondem ao formato e localizam-se exatamente onde se poderia esperar que estivessem caso o sarcófago tivesse sido moldado com uso de tornos.

Para fazer orifícios existe uma técnica que é chamada de trepanação. Ela deixa como resíduo um miolo central do material que está sendo perfurado. Os construtores das pirâmides usaram essa técnica. Uma das peças que Petrie estudou foi um desses miolos, que aparece como a oitava figura do desenho do alto desta página. Examinando as marcas de ferramenta que deixaram um sulco helicoidal simétrico nesse artefato tirado de um orifício perfurado em um pedaço de granito, Petrie concluiu que o ferramental egípcio penetrava a uma taxa de um centésimo de polegada a cada revolução da broca. As brocas modernas, por sua vez, só conseguem penetrar a uma taxa de dois milésimos de polegada por revolução. Isso significa que os antigos egípcios conseguiam cortar granito com uma taxa de alimentação que era 500 vezes maior ou mais profunda por revolução da broca do que as brocas modernas.

Duas outras características das peças examinadas por Petrie também chamaram a atenção. A primeira foi que tanto o orifício quanto o miolo dele extraído têm uma forma cônica que se afunila em direção à extremidade. A outra é que o sulco helicoidal entrou nos componentes do granito de forma estranha, ou seja, penetrou mais produndamente no quartzo, material mais duro, do que no feldspato, mais macio. Christopher Dunn comenta que o afunilamento indica um aumento na superfície da área de corte da broca à medida em que ela ia cortanto mais profundamente, conseqüentemente um aumento na resistência. Uma alimentação uniforme sob tais condições, usando método manual, seria impossível. Petrie teorizou que foram aplicadas uma tonelada ou duas de pressão a uma broca tubular feita de bronze incrustada com jóias. Porém, isto não leva em conta que sob centenas e centenas de quilos de pressão as jóias iriam, indubitavelmente, abrir seu caminho na substância mais macia, deixando o granito relativamente incólume depois do ataque. Nem este método explica como o sulco poderia ser mais fundo através do quartzo.

Nem todos os egiptólogos concordam com Petrie, pois consideram muito improvável que os egípcios tivessem conhecimento tecnológico suficiente para cortar pedras preciosas formando dentes e prendê-las no metal de tal maneira que elas suportassem a tensão do uso pesado, fabricando assim a broca sugerida. O que esses estudiosos sugerem é que foi usado um pó abrasivo em conjunto com serras e brocas de cobre macio. Então, provavelmente, pedaços do abrasivo penetraram no metal da broca, permanecendo ali por algum tempo e formando dentes acidentais e temporários, criando assim o mesmo efeito que dentes intencionais e permanentes criariam e foi a retirada da broca de tubo para remover o miolo e inserir abrasivo novo no orifício que criou os sulcos na peça. Dunn também discorda dessa opinião: É duvidoso que uma ferramenta simples que está sendo rotacionada à mão permaneça virando enquanto os artesãos a retiram do orifício. Igualmente, colocando a ferramenta de volta em um orifício limpo com abrasivo novo não seria necessário fazê-la girar até que estivesse no lugar. Também há a questão do afunilamento no orifício e no miolo. Ambos proveriam efetivamente a liberação entre a ferramenta e o granito, tornando impossível sob tais condições o estabelecimento de contato suficiente para criar os sulcos.

Christopher Dunn acredita que tem a explicação de como os orifícios e os miolos achados em Gizé podem ter sido cortados. Segundo ele, o único método que satisfaz a lógica, do ponto de vista técnico, e explica todos os fenômenos observados é a aplicação de maquinaria ultra-sônica. Essa maquinaria produz o movimento oscilatório de uma ferramenta que lasca o material e o arremessa para longe, como um britadeira que lança para longe um pedaço de pavimento de concreto. A diferença é que ela é muito mais rápida, vibrando entre 19 mil e 25 mil ciclos por segundo. Um abrasivo aquoso ou em pasta é usado para apressar a ação cortante. Em síntese, a maquinaria ultra-sônica usa um processo de desagregação abrasivo-oscilatório.

O estranho detalhe de que o sulco helicoidal penetrou mais produndamente no quartzo, material mais duro, do que no feldspato, mais macio, também pode ser explicado por sua teoria — acredita Christopher Dunn. Ele esclarece que são empregados cristais de quartzo na produção do ultra-som e, reciprocamente, são suscetíveis à influência de vibrações nas gamas ultra-sônicas e podem ser induzidos a vibrar em alta freqüência. Ao trabalhar o granito usando ultra-sonografia, o material mais duro (quartzo) não ofereceria necessariamente maior resistência, como aconteceria durante práticas de emprego de maquinarias convencionais. Uma ferramenta de corte vibrando ultra-sonicamente encontraria numerosos sócios simpatizantes enquanto cortasse o granito, embutidos diretamente no próprio granito! Em vez de resistir à ação cortante, o quartzo seria induzido a responder e vibrar em consonância com as ondas de alta freqüência e ampliaria a ação abrasiva à medida em que a ferramenta cortasse através dele.

Embora a formação de sulcos não fosse esperada nas peças trabalhadas com ultra-som, já que esse atua mais por um processo de trituração do que por ação rotacional, o pesquisador acredita que eles podem ter sido criados por várias razões: um fluxo desigual de energia pode ter feito a ferramenta oscilar mais em um lado do que no outro; a ferramenta pode ter sido impropriamente montada, ou um acúmulo de abrasivo em um lado da ferramenta pode ter cortado o sulco à medida em que a ferramenta se movia no granito. Por outro lado, é preciso que se entenda que a ferramenta pode ter sofrido não apenas movimento oscilatório, mas também giratório, visando forçá-la através do granito, o que teria causado os sulcos.

O formato cônico do orifício e do miolo são normais porque no emprego deBROCA ULTRASÔNICA qualquer ferramenta cortante é necessário que ela possa ser liberada da superfície da peça que está sendo trabalhada. Nesse caso, ao invés de termos um tubo contínuo, teríamos um tubo cuja espessura da parede ficaria gradualmente mais fina ao longo de seu comprimento. O diâmetro externo ficando gradualmente menor criaria a liberação entre a ferramenta e o orifício e o diâmetro interno, ficando maior, criaria a liberação entre a ferramenta e o miolo central. Isto permitiria que um fluxo livre da pasta fluída usada como abrasivo pudesse alcançar a área cortante. Uma broca tubular com tal feitio também explicaria o afunilamento das laterais do orifício e do miolo. Usando uma broca desse tipo feita de material mais macio do que o abrasivo, a extremidade cortante iria se desgastando gradualmente. As dimensões do orifício, portanto, corresponderiam às dimensões da ferramenta no instante do corte. Na medida em que a ferramenta ia se desgastando, o orifício e o miolo iam refletindo esse desgaste na forma de um cone. É isso o que ilustra a figura acima. Nela vemos o progresso da perfuração em granito com o emprego de uma broca ultra-sônica (vibratória). A broca avança um centésimo de polegada mais o desgaste da própria ferramenta para cada rotação da manivela "A".

Christopher Dunn afiança que a ultra-sonografia soluciona todas as perguntas sem resposta que as demais teorias não conseguiram responder com relação a todos os aspectos da existência das marcas no material examinado por Petrie. É quando procuramos um único método que possa dar resposta para todos os dados — diz ele —, que nos afastamos daqueles mais primitivos e até mesmo da maquinaria convencional e somos forçados a considerar métodos que são um pouco anômalos para aquele período da história. Estudos adicionais precisam ser feitos dos miolos; realmente já foi sugerido que se reproduza os miolos usando-se os métodos que eu proponho e aqueles propostos por alguns egiptólogos usando métodos primitivos. Após essa reprodução, uma comparação dos miolos deveria ser feita usando equipamento de metrologia e um microscópio de escaneamento eletrônico. Mudanças microscópicas na estrutura do granito podem acontecer devido a pressão e calor enquanto está sendo trabalhado. É duvidoso que egiptólogos compartilhem minhas conclusões referentes aos métodos de perfuração dos construtores da pirâmide e seria benéfico executar esses testes para provar conclusivamente os verdadeiros métodos usados pelos construtores da pirâmide para cortar pedra.