A teoria de Christopher Dunn de que os antigos egípcios perfuravam granito usando maquinaria ultra-sônica baseia-se no livro do famoso egiptólogo britânico William Flinders Petrie, intitulado "Pyramids and Temples of Gizeh". Nessa obra, Petrie descreve um artefato, que vemos na foto acima, com marcas de um processo de perfuração que deixa um sulco helicoidal no granito, indicando que a ferramenta penetrou naquele material a uma taxa de um centésimo de polegada a cada revolução da broca, uma porcentagem excessivamente alta para os métodos convencionais. Entretanto, após um exame físico desse artefato, dois pesquisadores, um engenheiro acústico e um especialista em pedras de cantaria, concluíram que os sulcos não eram espirais, mas círculos individuais e informaram que isso é comum em qualquer miolo produzido em qualquer pedreira inglesa, sem uso de máquinas de ultra-som. Ao ler a respeito, Christopher Dunn, considerando que o sulco helicoidal era a principal característica da peça que o levou a sugerir o emprego de ultra-som, fez em seu site na Internet uma declaração de que suspendia todas as afirmações que fizera sobre o uso de maquinaria ultra-sônica pelos antigos egípcios nos processos de perfuração do granito.
Para tirar suas dúvidas e confirmar ou não sua teoria, Dunn viajou até a Inglaterra e visitou o Museu Petrie, no qual se encontra guardado o artefato que deu origem à polêmica, conhecido como miolo N.º 7. Ao pegar a peça que nunca vira nas mãos, o pesquisador sentiu-se desapontado com sua insignificância. Mais desapontado ainda ficou por achar que o grande egiptólogo Petrie havia cometido um engano ao avaliá-la. Os sulcos pareciam realmente ser circulares e não helicoidais. Ainda que decepcionado, já que estava lá, resolveu fazer as medições que programara.
Para verificar se os sulcos formavam uma helicóide ou não, Dunn usou um método primitivo, porém eficaz: encaixou no sulco uma linha de algodão branca e acompanhou sua trajetória com a linha. O sulco variava em profundidade à medida em que circulava a peça e em alguns pontos era apenas um fraco arranhão imperceptível a olho nu. O que Petrie escreveu sobre esse miolo não estava totalmente correto. Ele se refere a um único sulco helicoidal, mas na realidade existem dois sulcos helicoidais paralelos. Dunn repetiu o teste em aproximadamente sete locais diferentes da peça, obtendo sempre os mesmos resultados. Os sulcos estão cortados no sentido dos ponteiros do relógio, partindo da extremidade mais fina do miolo para sua extremidade mais grossa, o que significa do topo para a base. Eles chegam visivelmente até o ponto em que a peça foi quebrada para ser retirada do orifício onde foi gerada. Os sulcos têm a mesma profundidade tanto no topo quanto na base do miolo e o passo circunferencial também é uniforme nos dois extremos. A constatação mais importante para provar a tese de Christopher Dunn foi a de que não há estriamentos horizontais ou anéis, mas sim sulcos helicoidais que descem em espiral pelo miolo como um filete de rosca com duplo ponto de partida.
Os estudos de Christopher Dunn levaram-no a se convencer de que ainda temos muito a aprender com nossos antepassados distantes e que para tanto basta que possamos abrir nossas mentes e aceitar que outra civilização de uma época longínqua possa ter desenvolvido técnicas industriais que são tão grandes ou talvez até maiores que as nossas. (...) Com uma tão convincente coleção de artefatos que provam a existência de maquinaria de precisão no Egito antigo, a idéia que a Grande Pirâmide foi construída por uma civilização avançada que habitou a Terra a milhares de anos atrás fica mais admissível. Eu não estou propondo que esta civilização estivesse tecnologicamente mais avançada que a nossa em todos os níveis, mas me parece que no que se refere ao trabalho de alvenaria e construção eles excediam as capacitações e especificações atuais. Depois de informar que muitos profissionais ao redor do mundo pesquisam para achar respostas aos vários mistérios não solucionados que indicam que nosso planeta Terra abrigou outras sociedades avançadas no passado distante, o autor conclui que seria ilógico, dogmaticamente, aderir a qualquer visão teórica relativa às civilizações antigas.
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