Descobertas Arqueológicas |
Em janeiro de 1999 arqueólogos descobriram as ruínas da cidade de PI-Ramsés, capital do reino do faraó Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.). A cidade, cujo nome significa Casa de Ramsés, situa-se a 120 quilômetros ao norte do Cairo, no delta do rio Nilo, próximo da moderna aldeia de Qantir. Na realidade a cidade está soterrada parcialmente sob terra usada por agricultores, abrangendo uma área de 1500 hectares. Portanto, pouco foi feito em termos de escavação arqueológica tradicional naquela área. Com o emprego de sensores magnéticos, ultrassensíveis e portáteis, que medem impulsos elétricos, e computadores para gerar as imagens das estruturas subterrâneas, foi possível fazer um desenho fiel do local, mostrando a disposição de ruas sinuosas, palácios, templos, casas, o contorno de um lago e até estábulos, apesar de estarem soterrados por imensas dunas. A técnica empregada é semelhante ao uso do raio-X para exame do corpo humano, mas em uma escala muito maior. Transferidas para os computadores, as leituras se tornam linhas e formas como se fossem a planta de um edifício. Essa moderna tecnologia, conhecida como cartografia magnética, é empregada por geólogos para encontrar óleo e para usos militares como a detecção de submarinos a partir do ar. O método é empregado em arqueologia desde 1994. Para obter o mesmo resultado através de escavação seriam necessários 20 anos de trabalho. As escavações propriamente ditas foram feitas em pontos isolados, nos locais que os técnicos consideraram mais interessantes por aquilo que puderam observar no mapeamento computadorizado. As pequenas áreas escavadas tiveram que ser recobertas para não prejudicar a agricultura da região. Para essa localidade Ramsés II transferiu a capital do Egito, antes sediada em Mênfis, pois o centro econômico e internacional do país havia se deslocado para o Delta e também porque sua família era originária daquela região. A mudança lhe permitiria escapar da influência do poderoso clero de Tebas e ficar mais próximo das fronteiras com a Síria e a Líbia, paises vassalos cuja reação ainda era um tanto imprevissível, sendo de bom alvitre dar maior proteção às fronteiras egípcias. A maior proximidade com a costa do Mediterrâneo era outro fator positivo do deslocamento da capital. Em PI-Ramsés ou Per-Ramsés localizava-se o palácio dos raméssidas, que começou a ser construído por Seti I (c. 1306 a 1290), pai de Ramsés II, de suntuosidade impressionante e que dispunha, inclusive, de um enorme zoológico. As paredes interiores do palácio eram decoradas com lindíssimos mosaicos de cerâmica, como este que vemos no topo desta página. Foi daí que Ramsés II partiu, no quinto ano do seu reinado, em campanha contra os hititas. No decorrer da XX dinastia (c. 1196 a 1070 a.C.) o braço oriental do Nilo começou a secar e, em consequência, a cidade foi abandonada durante a XXI dinastia (c. 1070 a 945 a.C.) e tudo o que era transportável foi removido para Tanis e Bubástis, inclusive muitos dos monumentos de pedra. Na década de 1920 foram encontradas pistas para localização da cidade. Azulejos decorados, alguns trazendo os nomes de Seti I e de Ramsés II começaram a vir à tona naquela área. Naquela época o que os arqueólogos puderam deduzir foi que os azulejos vítrificados, representando animais, pássaros e plantas, seriam, provavelmente, originários de um palácio real do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.). Também foram encontrados, naquela ocasião, fragmentos de estátuas, estelas e blocos de pedra de soleiras de portas. Sabe-se que em Pi-Ramsés foram construídos vários templos importantes, sendo que o principal, situado no centro da cidade, foi dedicado a Amon-Harakhti-Atum. Um templo do deus Seth foi encontrado, bem como mais dois templos menores dedicado um à deusa Astarte e o outro à deusa Wadjit. Todas as áreas da cidade, sejam residenciais, destinadas ao culto ou ao enterro dos mortos, estão sendo mapeadas pelos arqueólogos. Embora os templos e os palácios possam ter sido destituídos de seus monumentos quando a capital mudou de local, muitas estátuas e blocos foram recuperados em Tanis, pois sabe-se agora que originalmente pertenciam a Pi-Ramsés. Diante do templo de Amon havia duas estátuas colossais de Ramsés II que foram re-usadas no templo de Tanis. Também havia um pátio impressionante construído por Ramsés II para os seus festivais heb-sed, com obeliscos, estátuas e colunas. Entre as descobertas estão oficinas militares destinadas à fabricação e manutenção de armas e de carros de guerra leves, de duas rodas, bem como um enorme conjunto de estábulos que se calcula possam ter abrigado até 460 cavalos. Tais estábulos surpreendentes, os maiores já encontrados, cobrem uma área de quase 17.000 m². Incluem seis filas idênticas de corredores, sendo que cada um deles foi dividido em 12 baias, de 12 metros de comprimento cada uma, para os animais. O chão é inclinado na direção de buracos destinados a coletar a urina dos cavalos, a qual se acredita que era empregada no tingimento de tecido, tratamento do couro e fertilização de vinhedos. O conjunto estava conectado a um vasto pátio, que era provavelmente usado para exercícios ou aprendizado de equitação. Na realidade havia duas camadas de estábulos, sendo que os maiores e posteriores provavelmente tenham sido construídos por Ramsés III (c. 1194 a 1163 a.C.). Um dos pesquisadores enfatizou que os cavalos eram muito importantes na expansão do império egípcio e que os estábulos descobertos foram construídos em um local estratégico, perto de rotas comerciais que levavam ao Líbano e à Síria e que passavam não muito longe do território hitita. Os arqueólogos também localizaram oficinas de produção de vidro e faiança e um palácio com um piso feito de estuque folheado a ouro, com um cartucho policromado de Ramsés II nele embutido. Ao redor das oficinas militares, várias partes de carros de combate, cabos de setas, pontas de flecha em pedra, cabeças de dardo, punhais e láminas de bronze para armaduras foram descobertos. |
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