São conhecidos vários tipos de armas empregadas pelos antigos egípcios em seus combates. O arqueólogo John Baines nos apresenta uma relação delas:
- Arco — a mais importante arma de longo alcance, foi sempre usado, quer o arcaico arco de chifre, de dois chifres de antílope ligados por uma peça central de madeira, quer o arco de madeira, ligeiramente biconvexo. Durante o Segundo Período Intermediário (c. 1640 a 1550 a.C.) foi introduzido o arco compósito, vindo da Ásia, feito de tiras laminadas de vários materiais e tinha um alcance e potência muito superiores. Quando esticado, o arco adquiria uma forma triangular característica.
- Aljava — utilizou-se a partir do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.).
- Lança — foi utilizada ao longo de toda a história do Egito.
- Maça — com uma ponta de pedra de forma variável, arma mais poderosa no combate corpo-a-corpo do período pré-dinástico, foi, nos tempos históricos, substituída pelo machado de guerra com lâmina de cobre. Algumas das mais antigas lâminas de machado semicirculares pouco diferiam das ferramentas dos artífices da mesma época, mas durante o Império Antigo apareceu um tipo curto especial. Este tipo e os machados de lâminas serrilhadas eram armas características do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.). Durante o Segundo Período Intermediário apareceu um novo tipo, com uma lâmina estreita, com muito mais poder de penetração, talvez invenção egípcia.
- Cimitarra — arma asiática utilizada como arma cortante ou perfurante, mais do que como arma de arremesso, encontra-se também no Império Médio.
- Clavas, cacetes e dardos — de vários tipos, continuaram a ser utilizados, em todas as épocas, como armas brancas. O punhal era utilizado do mesmo modo.
- Escudo — usado para proteção pessoal, dele já existem vestígios durante o pré-dinástico tardio (c. 3000 a.C.). A partir do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) começou a ser conhecida uma ligeira armadura, mas a sua utilização permaneceu limitada.
- Carro de guerra — de duas rodas e puxado por cavalos, introduzido no Egito durante o Segundo Período Intermediário, era um veículo leve, de madeira com alguns elementos de couro e metal. Era tripulado por dois soldados, o condutor e o guerreiro, armado de arco e lança e protegido por um escudo. A principal contribuição do carro para a arte da guerra foi a mobilidade e o elemento de surpresa: no ataque, os carros de guerra aproximavam-se a alta velocidade e os guerreiros desfechavam setas enquanto atravessavam as fileiras inimigas. O carro não era blindado e, por isso, não era apropriado para ataques diretos. Uma vez rompidas as linhas inimigas, as unidades de carros de guerra eram ideais para a perseguição dos soldados a pé dispersos. A julgar pelo aparecimento de títulos especiais, as unidades de carros de guerra formaram um novo ramo do exército egípcio a partir do reinado de Amenófis III (c. 1391 a 1353 a.C.).
Arcos, flechas, fundas, lanças, machados de guerra e punhais foram as peças essenciais do armamento egípcio até a chegada dos Hicsos (c. 1640 a.C.). A arte da guerra deve ter sido revolucionada com a introdução do carro de guerra puxado por dois cavalos. Tal arma, associada ao arco compósito, deve ter aumentado consideravelmente a força de ataque do exército egípcio. Na foto do alto desta página vemos uma carruagem de madeira dourada de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.). Esse veículo durante o Império Novo estava intimamente associado ao faraó, o qual é mostrado constantemente dominando o campo de batalha com as rédeas ao redor da cintura e manejando seu arco. As carruagens começam a aparecer em relevos e pinturas no princípio da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.) e são mencionadas como presentes diplomáticos na correspondência de Tell el-Amarna. Na tumba de Tutankhamon foram encontradas seis carruagens completas, porém desmontadas, de uma riqueza e sofisticação inigualáveis. Depois de muito trabalho, os técnicos conseguiram remontar cinco delas, que atualmente estão em exibição no Museu Egípcio do Cairo.
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