Descobertas Arqueológicas |
Uma grande capela tumular do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) foi desenterrada por arqueólogos da universidade japonesa de Waseda entre 1996 e 2002 em Dahshur, localidade que se constitue no prolongamento mais ao sul da necrópole menfita. As dimensões dessa capela tumular, que é de aproximadamente 47 m de comprimento por 17 de largura, só se compara com as da capela do faraó Haremhab (c. 1319 a 1307 a.C.) em Saqqara, que tem 47 m de comprimento por 15 de largura. Anéis com os nomes de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C) e de sua esposa Ankhesenamon, e outros numerosos achados indicam que o local era um do maiores cemitérios do período do final da XVIII (c. 1550 a 1307 a.C.) e início da XIX dinastia (c. 1307 a 1196 a.C.). Em 1996, ao redor da capela, um total de 15 poços foram achados. A maioria deles tinha a abertura de 2 m de comprimento por l m de largura. Nenhuma superestrutura foi encontrada por cima desses poços. Na entrada dos poços, lajes ou blocos de adobe tinham sido usados e, às vezes, os adobes estavam cobertos com reboco. Marcas de dedos do pé podiam ser observados nas paredes dos poços. Naquela ocasião dois deles foram pesquisados. Em ambos os casos, a câmara interna foi encontrada a cerca de 7 a 8 m abaixo da entrada, medindo aproximadamente 5 m², suportada por um pilar retangular ao centro. Foram encontrados fragmentos de um sarcófago de pedra calcária, bem como cacos de cerâmica e ossos. Na câmara sepulcral havia grande quantidade de cacos de cerâmica e de adobes. Nenhuma decoração foi encontrada nas paredes. Entretanto, a descoberta mais importante no local foi a dos alicerces de uma estrutura de tijolo de tamanho considerável, que pode ser vista na foto acima. O edifício está situado em um cume de morro que marca o centro da área de escavação em Dahshur e dali se tem uma visão de várias pirâmides localizadas nas proximidades e também da área de Mênfis. As paredes desapareceram, restanto preservadas apenas algumas camadas de adobe. A dimensão média dos tijolos é de cerca de 36 cm de comprimento por 18 cm de largura e 9 cm de profundidade e apenas um deles foi encontrado com inscrições que, infelizmente, estão muito danificadas para poderem ser lidas. Entretanto, a planta da construção indica claramente os elementos típicos da arquitetura dos templos egípcios. As evidências encontradas no local e a planta do edifício sugerem que se trata de uma típica capela tumular do final da XVIII dinastia ou princípio da XIX dinastia. Se assim for, o revestimento interno das paredes de tijolo devem ter sido de pedra calcária. Em 1997 foi descoberto no centro do segundo pátio da construção a partir da entrada, o qual ocupa uma área de 15 m², um poço revestido com blocos de pedra calcária medindo cada um 52 cm de comprimento, 26 de largura e 22 de altura. A profundidade do poço era de 13 m a partir do nível do chão do pátio e no seu fundo foram achadas duas entradas para as várias câmaras, num total de sete. Todas as câmaras haviam sido invadidas e suas paredes, bem como as paredes do poço estavam carbonizadas. Nesse pátio ainda pode ser encontrada uma parte do chão e seu nível era mais alto que em qualquer outro lugar da construção. Diversos objetos foram encontrados. Entre eles, dois anéis de faiança, um com o nome de Tutankhamon e o outro com o nome de sua esposa, Ankhesenamon. Escaravelhos com os nomes de Ramsés II e de Tutankhamon também foram localizados. Impresso em barro foi encontrado o chamado selo da necrópole, que apresenta a figura de Anúbis colocado acima de nove prisioneiros amarrados com cordas que terminam em botões de lótus. Esse é o mesmo motivo estampado nas portas que bloqueavam a tumba de Tutankhamon. Levando-se em conta o tamanho da tumba e a elaborada construção do poço, concluiu-se que seu dono devia ser uma figura importante. O plano geral da construção é formado por uma rampa, dois pátios e a capela para o culto medindo 8,8 m², com salas laterais. Ficou demonstrado que se tratava de uma tumba funerária porque foram descobertos o poço e as câmaras no subsolo. A rampa de acesso media 10,8 m de comprimento por 6,3 m de largura, possicionada ao longo do eixo longitudinal da construção. Uma parede grossa de 1,60 m de largura separava a rampa do primeiro pátio. Na área norte desse pátio foi descoberto outro poço, esse revestido com tijolos cobertos por gesso na superfície. Sua profundidade era de 6,5 m e foi achada a entrada para a câmara ocidental, com dimensões de 2,5 m de comprimento por 1,8 m de largura. Também em 1997 os arqueólogos procuraram descobrir o nome do dono da capela tumular e foi possível ler nos selos o nome Ipay e títulos como Osíris, Escriba Real Ipay, justificado, ou então, Aquele que foi amado pelo Senhor das Duas Terras, Verdadeiro Escriba Real, Mordomo Real, sem culpa, Ipay, justificado. A identificação exata de quem seria essa pessoa, historicamente falando, não foi possível. Supõe-se que esse túmulo tenha sido novamente utilizado no decorrer da XX dinastia (c. 1196 a 1070 a.C.). Como resultado das escavações em toda a área foram recolhidos mais de mil pedaços de vários objetos: fragmentos de cerâmica pintados de azul; fragmentos de pedra calcária com baixos relevos; pedaços de vasos canopos de faiança e alabastro; tampas de jarros com a forma dos quatro filhos de Hórus; fragmentos de recipientes de vidro policromados; um anel de faiança azul, inteiro, com formato de flor de lótus; amuletos de vários materiais e espécies; pedaços de placas de madeira com inscrições entalhadas; parte da cabeça de uma estatueta de pedra calcária; estatuetas funerárias de grande variedade de materiais como pedra, faiança, madeira e barro, sendo que nelas alguns nomes dos proprietários puderam ser decifrados. Também foi encontrado um pyramidion de pedra calcária com cerca de 60 cm de altura e uma depressão não muito profunda na sua parte inferior. Um dos vasos canopos de alabastro apresenta uma inscrição com o nome e o título do seu dono: Mes, Inspetor do Estábulo Real. Ainda em 1997 foram localizadas e pesquisadas mais algumas tumbas subterrâneas nas proximidades do edifício principal. Em uma delas restava parte da parede que bloqueava uma das câmaras e nela a camada de gesso apresentava um selo com a impressão do nome de Akhenaton. Também foram encontrados mais de 30 lacres de jarros, a maioria deles pintados em azul com o nome de Tutankhamon. Os motivo dos relevos dos blocos e da decoração da cerâmica encontrada, também sugerem o estilo característico do período daqueles dois faraós. Nas escavações realizadas entre novembro de 1998 e janeiro de 1999 um grande sarcófago inacabado de granito foi encontrado na câmara mais interna da capela tumular e em sua tampa, cuja foto vemos ao lado, estava inscrito o nome Mes, o qual, aliás, já havia aparecido anteriormente em peças menores. A julgar por esses outros achados, inclusive pelas inscrições em jarro de vinho e o estilo de suas estatuetas funerárias, também encontradas, Mes deve ter vivido no início da XIX dinastia. Entre 1999 e 2002 as investigações prosseguiram com escavações de várias tumbas localizadas ao redor dessa capela tumular com o objetivo de esclarecer o caráter desse cemitério. |
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