Escavações realizadas em 2002 perto da pirâmide de Pepi I (c. 2289 a 2255 a.C.), faraó da VI dinastia, forneceram indícios de um novo capítulo de intrigas na saga daquela família real. Sete pirâmides novas foram descobertas naquela área, das quais três pertencem a esposas do rei, incluindo-se dentre elas a de Ankhesenpepi, a mulher mais importante daquele tempo. Seu nome significa ela vive para Pepi. Ela e sua irmã casaram-se com Pepi I. O filho de sua irmã, Merenre (c. 2255 a 2246 a.C.), tornou-se rei quando Pepi morreu, mas reinou por apenas alguns anos. Então, o filho da própria Ankhesenpepi, Pepi II (c. 2246 a 2152 a.C.), subiu ao trono. Ele deveria ter cerca de seis anos de idade e sua mãe tornou-se regente. Embora ela não tenha sido faraó, esteve bem perto disso. Detinha um poder efetivo e isso pode ser percebido em sua tumba. Hoje a pirâmide da rainha é apenas uma parede de pedra que sustenta um montão de rochas e areia. Na sala onde se encontra o sarcófago as paredes estão revestidas de hieróglifos pintados de verde, cor do renascimento. Trata-se dos Textos das Pirâmides e ela foi a primeira mulher a ser enterrada com textos dessa natureza, pois até então eles só poderiam figurar em tumbas de faraós. Ankhesenpepi deve ter sido uma mulher notável. As esposas reais antes dela tinham permanecido quietamente em segundo plano. De repente ela deu um passo adiante e reivindicou para si o mais forte dos textos mágicos reais. E isso não é tudo. Anteriormente pensava-se que Merenre era meio-irmão de Pepi II. Entretanto, nas ruínas do templo mortuário da rainha, uma inscrição num bloco de pedra calcária branca declara, claramente, que Ankhesenpepi era esposa de Pepi I, esposa de Merenre e mãe de Pepi II. Como a viúva de um rei não era ninguém, Ankhesenpepi teria voltado para o harém depois da morte de Pepi I. Mas, ao que parece, ela conseguiu seduzir seu sobrinho Merenre e felizmente teve um filho, Pepi II. Ela foi enterrada perto de Pepi I, mas sua tumba está voltada na direção da de Merenre.
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