Descobertas Arqueológicas

TUMBA DE SENEBKAY A tumba de um faraó até então desconhecido foi localizada em janeiro de 2014. Foram encontrados restos de um sarcófago de madeira com o esqueleto mal conservado do rei e, ainda, um conjunto de vasos canopos. Seu nome, Woseribre Senebkay, está gravado em uma das paredes e ele teria reinado por cerca de quatro anos e meio por volta de 1650 a.C. Sabe-se que se tratava de um faraó pois seu nome está escrito dentro de um cartucho e as inscrições registram sua titulatura: rei do Alto e do Baixo Egito, Woseribre, filho de , Senebkay. Seria o primeiro rei de uma dinastia esquecida de Abido (c. 1650 a 1600 a.C.), um período no qual a autoridade central entrou em colapso, dando origem a vários reinados curtos. Estudos preliminares indicam que sua altura deve ter sido de 1,75 m e deve ter falecido com idade entre 45 e 49 anos. Seu nome significa meu espírito é saudável.

Há evidências de cerca de 16 tumbas reais que pertenceriam a essa dinastia. A descoberta foi feita no Alto Egito, ao sul da necrópole de Abido, na província de Sohag, cerca de 482 km ao sul do Cairo. É um túmulo modesto, saqueado na antiguidade, formado por quatro câmaras. Dentre elas, uma câmara funerária de pedra calcária enfeitada com imagens das deusas Nut, Néftis, Selkis, e Ísis. Foi construído com emprego de blocos usados em tumbas de períodos anteriores. A descoberta sugere que o domínio dos hicsos não se estendeu a todo o Egito e que uma dinastia nativa conseguiu preservar sua independência no sul. A família real em Abido, que pode ter sido fundada por Senebkay, éCARTUCHO DE SENEBKAY de origem egípcia e não se submeteu ao governo dos invasores. Os faraós da dinastia de Abido foram esquecidos pela história e a localização de sua necrópole real era desconhecida até agora.

O achado também fornece evidências de que essa dinastia teve uma economia relativamente fraca porque objetos que foram extraídos de túmulos anteriores foram reutilizados em túmulos posteriores. Uma descoberta importante foram os restos grandemente decompostos de um recipiente destinado aos vasos canopos do rei. Trata-se de um baú confeccionado em madeira de cedro que foi reutilizado da tumba de Sebekhotepe I, a qual fica nas proximidades. Reutilização de objetos de um túmulo próximo demonstra que havia recursos limitados e que o reino de Abido encontrava-se isolado no que dizia respeito à sua situação econômica. Acima vemos uma foto do túmulo e ao lado o cartucho do faraó. Fotos © de Nevine Al-Aref.

ATUALIZAÇÃO

CRÂNIO DE SENEBKAY Em 2015, exames realizados nos restos do esqueleto mostraram que o faraó Senebkay foi morto em batalha. Foram detectados 18 ferimentos nos ossos, incluindo cortes verticais nos pés, tornozelos, joelhos, mãos e parte inferior das costas. As feridas nos tornozelos e pés sugerem que ele estava a cavalo quando foi atacado de perto por baixo e derrubado da montaria. Três grandes golpes no crânio apresentam o tamanho e a curvatura dos machados de guerra usados naquela época. Dois deles podem ser percebidos no detalhe ao lado da parte posterior da cabeça.

Outro resultado surpreendente da análise osteológica é que as junções dos músculos nos fêmures e na pelve indicam que o faraó passou grande parte da sua vida adulta como cavaleiro. Os pesquisadores também disseram que ele foi mumificado muito depois da morte, o que sugere que tenha sido morto a uma distância considerável de seu local de sepultamento em Abido, talvez em batalha com os hicsos, que ocuparam o Baixo Egito naESQUELETO DE SENEBKAY época. Mas esta é apenas uma das hipóteses. Ele pode ter morrido lutando contra inimigos no sul do país. Há registros históricos datados do seu período de vida de pelo menos uma tentativa de invasão do Alto Egito por uma grande força militar da Núbia ao sul. Por outro lado, ele pode ter tido outros opositores políticos, possivelmente reis baseados em Tebas. Os saqueadores de túmulos destruiram a múmia e do corpo só restou o esqueleto cuja foto podemos ver ao lado.




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