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NOMOS DO BAIXO EGITO
                                          Os 20 nomos do Baixo Egito
Um nomo era uma região territorial do país que englobava várias herdades ou aldeias. Um administrador local, que hoje em dia denominamos de nomarca, era escolhido para gerir a área. Conscientes da força que o cargo lhes concedia, desde a V dinastia (c. 2465 a 2323 a.C.) procuraram fortalecer ainda mais esse poderio, dando um caráter hereditário às suas funções. Com o tempo passaram a considerar o nomo como sua zona pessoal de ação, como se fosse uma propriedade particular, e acumulavam uma série de títulos e funções, mas não esqueciam em seus túmulos de lijongear o rei através das fórmulas consagradas.

A partir do Primeiro Período Intermediário (c. 2134 a 2040 a.C.), face ao enfraquecimento do poder central, esses homens passaram a ser príncipes dos nomos. Nesse ambiente conturbado, no qual a fome e a miséria atingia as pessoas, alguns desses príncipes locais, à guisa de senhores feudais, passaram a substituir o rei e a organizar, sob sua própria responsabilidade e com total independência, o destino do nomo que governavam. Cada nomarca velava unicamente pelos habitantes do seu nomo. Razias efetuadas nos territórios vizinhos asseguravam meios de subsistência e o empréstimo de sementes tornava-os ricos. Tropas armadas compostas em grande parte por soldados núbios defendiam os territórios. Em suas tumbas os nomarcas transformaram os guerreiros núbios em estatuetas funerárias para que também lhes servissem de proteção eterna no além-túmulo.

Quando o Egito novamente se unificou no Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.), as famílias dos príncipes foram substituídas por funcionários militares e a hereditariedade do cargo foi abolida. Mesmo assim, ainda no decorrer da XII dinastia (c. 1991 a 1783 a.C.), o poderio dos nomarcas era grande. Alguns erigiram estátuas colossais de si próprios nos templos das capitais de suas províncias e organizaram para tanto expedições às pedreiras com pessoal numeroso. Isso e, principalmente, a construção de suntuosas tumbas e as despesas decorrentes de doações aos sacercotes para manutenção delas, acabou por delapidar a fortuna desses homens.

   DEUSAS REPRESENTANDO OS NOMOS O sistema de gestão dos nomos teve sua origem no Período Dinástico Primitivo (c. 2920 a 2575 a.C.). Cada uma das regiões possuia seu próprio nome e emblema, sendo que os mais antigos figuravam sobre um estandarte, o que já não ocorria com os mais recentes. Os emblemas também apareciam nas cabeças de figuras que personalizavam os nomos e as quais, postas em fila, decoravam as bases dos templos. É o que mostra a foto acima de um relevo do templo de Ramsés II em Abido.

NOMOS DO ALTO EGITO A partir da IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.) foram estabelecidas as listas dos nomos: no total existiram 22 nomos no Alto Egito e 20 no Baixo Egito, mas alguns só aparecem em relações tardias. Os comprimentos dos nomos do Alto Egito ao longo do Nilo estão registrados em um quiosque de Sesóstris I (1971 a 1926 a.C.) em Karnak, mas, com certeza, tais medidas variaram ao longo dos tempos. Na lista também estão indicados os nomes das divindades que correspondem a cada um deles. Quanto ao Baixo Egito, a quantidade final de nomos só foi estabelecida no período greco-romano e seus nomes estão listados nos templos de Edfu e Dendera, sendo que o Faium e os oásis não faziam parte do esquema. Havia um simbolismo no número total de nomos, já que havia 42 juízes no julgamento dos mortos e, ao que parece, os egípcios possuíam 42 livros sagrados. Na ilustração acima, os 22 nomos do Alto Egito.