Estava sendo esperada, desde 2002, uma nova investigação no conduto que sai do lado sul da câmara da rainha da Grande Pirâmide de Gizé. Robôs haviam sido usados em 1992 e em 2002 e os resultados desse trabalho você pode conferir em O Robô e a Pirâmide e em O Robô e a Pirâmide — Parte 2. Em maio de 2011, finalmente, um terceiro robô foi usado na missão. Dotado de uma câmera na ponta de um cabo flexível, o engenho pode examinar não apenas o que fica à sua frente, mas também ao seu lado e até atrás dele. Dessa maneira foi possível fotografar a face posterior de uma laje que passou a ser conhecida popularmente como "a porta", a qual tem presos em sua face anterior dois artefatos de cobre que parecem alças. As imagens revelaram que tais alças terminam como pequenos laços, feitos com esmero, cuja aparência é mais ornamental do que a de conectores elétricos, como se conjeturou. A parte de trás da laje é polida, o que indica que, provavelmente, não era apenas um pedaço áspero de pedra usada para deter escombros que entrassem no conduto. Mas o mais surpreendente foram os desenhos encontrados no piso do pequeno compartimento situado por trás da "porta". São hieróglifos escritos com tinta vermelha e linhas na pedra que poderiam ser marcas deixadas pelos trabalhadores quando a câmara estava sendo cavada, ou símbolos de significado religioso.
As primeiras análises que foram feitas das fotos tiradas pelo robô apontaram para a possibilidade dos hieróglifos serem números empregados pelos construtores. Eles teriam registrado o comprimento total do conduto: 121 cúbitos. O cubito real, a unidade egípcia antiga de medida usada na construção da pirâmide, correspondia aproximadamente a 52,5 cm. A conclusão é de um pesquisador independente chamado Luca Miatello, especializado na antiga matemática egípcia. Segundo ele as marcas são três sinais numéricos hieráticos significando 100, 20 e 1. O piso da câmara apresenta uma linha vermelho ocre que corre paralelamente ao conduto desde a face posterior da primeira laje até a segunda laje. Também existe uma marca preta onde a linha vermelha encontra a segunda laje. À direita da linha vermelha e formando com ela um ângulo de 45 graus, aproximadamente, situam-se as três figuras em vermelho ocre.
O robô foi projetado por uma equipe chefiada pelo engenheiro Rob Richardson, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e batizado de Djedi, um mágico que, segundo a lenda, Kéops consultou quando planejou a sua pirâmide. Ele dispõe de várias ferramentas como, por exemplo, uma câmara em miniatura capaz de passar por um orifício de 19 mm de diâmetro, uma mini furadeira e um artefato ultrasônico capaz de bater nas paredes e captar a resposta para ajudar a determinar a espessura da pedra. Foto © Sandro Vannini.
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