Dos corpos dos faraós que construíram as pirâmides só alguns restos fragmentários restaram. Entretanto, um número surpreendente de corpos de faraós e rainhas do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) foram preservados mais ou menos intatos nas tumbas reais escavadas nas escarpas do Vale dos Reis. Com exceção da tumba de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.), ladrões saquearam os túmulos repletos de tesouros há milênios de anos atrás, mas os antigos funcionários que vigiavam o Vale recolheram as múmias danificadas, tornaram a envolvê-las em bandagens e novamente as enterraram em esconderijos. Arqueólogos abriram dois destes esconderijos reais no século XIX da nossa era.
Em 1881, foram recuperadas múmias de mais de 50 reis, rainhas, parentes reais e nobres em um esconderijo. Em 1898 o arqueólogo Victor Loret achou mais de uma dúzia de múmias reais armazenadas dentro da tumba de Amenófis II (c. 1427 a 1401 a.C.). No início do século XX, mais precisamente em 1907, Edward Ayrton e Theodore Davis encontraram a tumba conhecida como KV55, talvez a descoberta mais controvertida feita no Vale dos Reis. O mais provável ocupante de um sarcófago ali encontrado é o faraó Semenkhkare (c. 1335 a 1333 a.C.). Alguns dos soberanos mais poderosos da longa história do Egito emergiram destes lugares: Tutmósis III (c. 1479 a 1425 a.C.), que conquistou muito do que agora é território de Israel, Líbano e Síria; Amenófis III (c. 1391 a 1353 a.C.), que construiu grande parte do bonito Templo de Luxor; Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.), cuja múmia pode ser vista na foto acima, outro grande guerreiro e construtor que alguns apontam como sendo o faraó bíblico do Êxodo; e Ramsés III (c. 1194 a 1163 a.C.), o último faraó realmente poderoso do Império Novo, cuja face preservada, dizem alguns, pode ter inspirado a maquilagem para Boris Karloff no filme A Múmia, de 1932.
Mas alguns reis importantes do Império Novo não foram encontrados até hoje. Dois deles são os faraós Aya (c. 1323 a 1319 a.C.) e Haremhab (c. 1319 a 1307 a.C), que sucessivamente subiram ao trono depois da morte de Tutankhamon. Outros dois são Ramsés VII (c. 1143 a 1136 a.C.) e Ramsés VIII (c. 1136 a 1131 a.C.), reis obscuros do final do Império Novo. Mas talvez as múmias perdidas mais procuradas sejam a de Akhenaton (c. 1353 a 1335 a.C.), o faraó que virou o Egito de cabeça para baixo e introduziu a filosofia mais próxima do monoteísmo que o Egito antigo conheceu, e a de sua linda rainha, Nefertiti, que é retratada num busto famoso exposto em Berlim.
|