CARTUCHO DE HETEPSEKHEMWY

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PIRÂMIDE DE HETEPSEKHEMWY O primeiro rei da II dinastia (c. 2770 a 2649 a.C.) adotou o nome de Hetepsekhemwy, que significa Os Dois Poderes Estão Apaziguados, o que talvez indique ter sido necessário superar uma tentativa de separação do reino do norte. Entretanto, como foram encontradas inscrições e artefatos com o nome deste faraó no túmulo de Qaa, seu antecessor, acredita-se que o primeiro faraó da II dinastia tenha completado a tumba do último faraó da I dinastia (c. 2920 a 2770 a.C.) e cuidado do seu funeral. Isto sugere que não houve ruptura entre a primeira e a segunda dinastias. Aliás, a mudança entre estas dinastias foi informada originalmente por Maneton sem explicação dos motivos. O Egito unificado criado por Narmer havia começado a se instabilizar no reinado de Anedjib, com um conflito entre os partidários do deus Hórus contra os partidários do deus Seth, e a divisão continuou no reinado de Qaa, o que talvez tenha levado Maneton a separar as duas dinastias.

De qualquer maneira, a causa da queda da primeira dinastia não é conhecida e tanto os faraós dessa quanto os da segunda dinastia eram de origem tinita. Tinis teria sido uma antiga capital egípcia no Alto Egito. A localização dessa antiga cidade é desconhecida, mas há possibilidade de que ficasse situada próximo ou sob a moderna aldeia de Girga. O nome de Hetepsekhemwy aparece juntamente com os nomes de seus dois sucessores imediatos, Reneb e Ninetjer, em uma estátua de granito rosa achada em Mênfis que retrata, ajoelhado, um sacerdote de seu culto mortuário, o qual serviu igualmente aos dois faraós seguintes. Também já foram encontrados com o nome deste faraó: duas tijelas de pedra no complexo da pirâmide de Miquerinos; um recipiente de alabastro; uma taça de granito preto; um cilindro de osso que talvez fosse parte de uma mobília; e nas câmaras subterrâneas da pirâmide de Djoser (c. 2630 a 2611 a.C.), mais de 20 fragmentos de recipientes de pedra com inscrições. Em Abido, o arqueólogo Flinders Petrie encontrou o nome do faraó em cinco fragmentos de inscrições de tijelas de pedra. Não se sabe exatamente como este faraó chegou ao poder. Provavelmente não era filho de Qaa, mas apenas seu genro. Teria, portanto, alcançado a soberania através do casamento com uma princesa e talvez não estivesse diretamente relacionado com a linhagem dos reis tinitas. Existem evidências de que este faraó teria realizado mudanças tanto do ponto de vista religioso quanto administrativo.

Seu túmulo foi localizado em Saqqara, embora a tradição nos últimos 200 anos tivesse sido a construção de túmulos em Abido. Lá ele mandou construir um tipo totalmente novo de tumba, um projeto revolucionário para sua última morada cuja planta baixa pode ser vista no alto desta página. Trata-se de um conjunto enorme de galerias subterrâneas cortado no leito de rocha, um trabalho gigantesco de um tipo que nunca tinha sido feito no Egito, ou em qualquer outro lugar da Terra anteriormente. Realmente foi uma inovação e uma mudança total na técnica de corte das pedras e um marco no avanço do progresso humano. Parece que se tentou imitar os corredores do domicílio real, o que forneceria uma interessante pista do leiaute dos primeiros palácios dos faraós. No túmulo quase vazio, com 120 metros de comprimento e 50 de largura, localizado um pouco ao sul da pirâmide de Djoser, foram encontrados numerosos lacres de barro para jarros com o nome do rei. O monumento parece ter sido deixado inacabado, embora a câmara funerária e um cômodo lateral tenham sido completados. Cerca de 20 câmaras secundárias ao redor da câmara do faraó podem ter sido construídas para seu grupo de criados.

A entrada para a tumba fica situada no lado norte, de onde parte uma longa escada descendente formando um fosso, com quatro metros de altura, coberto com imensos blocos de pedra e que penetra profundamente na rocha de Saqqara. Vinte e cinco metros adiante uma passagem se abre a oeste levando ao primeiro conjunto de armazéns. Descendo um pouco mais, uns cinco metros, encontramos uma segunda passagem que dá acesso a um corredor para o leste. Em cada lateral de ambos os corredores existem sete cômodos longos e estreitos que são interpretados como depósitos. Dez metros adiante, um pouco antes do final do declive do corredor central, uma grande porta corrediça de granito bloqueava a passagem. Depois disso, e a uma profundidade de sete metros em relação ao solo, o corredor continua horizontalmente e estava bloqueado por mais três portas corrediças. Após o primeiro bloqueio, mais câmaras se abrem a leste e a oeste e 35 metros adiante o teto do corredor é rebaixado em dois metros. Um labirinto de câmaras continua surgindo até que, finalmente, a cerca de 110 metros da entrada, abre-se a câmara funerária vazia, marcada com "c" no desenho. O ponto marcado com "a" é uma latrina e o espaço situado entre "a" e "b" é um depósito de jarros. Desta forma, os espaços estão organizados como uma residência real para a vida após a morte até com um quarto de banho, como ocorreria futuramente em mastabas particulares da III dinastia (c. 2649 a 2575 a.C.), bem como da IV dinastia (c. de 2575 a 2465 a.C.).

Acima do solo nada restou e talvez nunca tenha existido uma superestrutura e, posteriormente, foram construídos edifícios sobre a tumba, talvez por ser desconhecida a sua existência no sub-solo. Parte das galerias está localizada debaixo da pirâmide de Wenis, faraó que reinou, aproximadamente, entre 2356 e 2323 a.C. e é surpreendente que os construtores desse túmulo da V dinastia não tenham, ainda que acidentalmente, descoberto a existência daquelas galerias.

NomeHetepsekhemwy
Avós---
Pai---
Mãe---
Esposa---
Filhos---
Pirâmides construídas---
TúmuloSaqqara
Múmia---