![]() ![]() As canoas recém fabricadas eram testadas em sua resistência e rapidez. Um alegre torneio servia para tal finalidade. Coroada de flores campestres, enfeitada com um nenúfar, – conta Pierre Montet – cada pessoa subia para o seu barco e dirigia-o com uma longa vara terminada em forcado. O combate começava com injúrias, muitas vezes extremamente verrinosas. As ameaças e os golpes principiavam a chover. Dir-se-ia que o divertimento ia terminar mal, mas toda a gente visava apenas lançar à água o seu adversário e virar a sua barca. Quando restava apenas um combatente de pé na sua embarcação, acabava a festa. Vencedores e vencidos regressavam à aldeia reconciliados. Os antigos egípcios acreditavam que modelos de barcos em miniatura ajudariam o falecido a ultrapassar os obstáculos da vida após a morte. Às vezes os faraós foram enterrados com barcos de tamanho natural. Em 1988, arqueólogos descobriram em Abido uma frota de 14 barcos, cujos comprimentos variavam entre 18 e 24 metros, que haviam sido enterrados junto com um faraó da I dinastia (c. 2920 a 2770 a.C.). Cada barco teria requerido cerca de 30 remadores para se deslocar na água. Em 1954 foi encontrada, enterrada perto da Grande Pirâmide de Kéops, uma barcaça de madeira. Formada por 650 pedaços desse material, com 43 metros e 58 centímetros de comprimento, provavelmente transportou a múmia daquele rei para sua pirâmide, liderando o cortejo fúnebre.
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