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CARTUCHO DE KÉOPS

Os escritores da escola esotérica afirmam que a razão principal para construção da Grande Pirâmide não foi servir de túmulo para um faraó, mas sim enunciar, de forma sólida e tridimensional, os conceitos descritos no Livro dos Mortos. Segundo eles, o monumento deveria servir de local onde os indivíduos responsáveis pela sobrevivência, de forma viva e pura, de tais conceitos, ou seja, os iniciados, pudessem ter o seu treinamento, suas provas e sua passagem à categoria de adeptos. Levando em conta que a escrita egípcia pode ser interpretada de várias maneiras, essa corrente de pensamento considera que as marcas encontradas na câmara do rei da Grande Pirâmide e interpretadas como sendo o nome de Khufu/Kéops, cujo cartucho se vê acima, podem ser lidas também como khu, isto é, o espírito ou a inteligência espiritual. As marcas na pedra não seriam o nome do rei, mas sim o nome da área dentro da pirâmide que representava o espírito.

Diversas sociedades que reivindicam a herança esotérica egípcia, entre as quais se incluem os maçons, os rosa-cruz e os teosofistas, acreditam que o sistema de câmaras e corredores da Grande Pirâmide eram centros iniciáticos e locais destinados à realização de mistérios sagrados. A fundadora da escola teosófica, Madame Blavatsky, afirma que a forma externa daquela pirâmide é o princípio criativo da natureza e ilustra também os princípios da geometria, matemática, astronomia e astrologia. O interior, por sua vez, diz ela, é um templo de iniciação no qual o homem ascende em direção aos deuses e os deuses descem em direção ao homem. Embora tais teorias sejam de dificil comprovação, a verdade é que muitas sociedades esotéricas modernas realizam cerimônias de iniciação bastante similares a diversas práticas egípcias descritas no Livro dos Mortos. Muitas pessoas já passaram uma noite totalmente sós dentro da pirâmide de Kéops e saíram narrando terem vivido experiências estranhas. Conta a lenda que Napoleão passou uma noite na câmara do rei e de lá saiu branco e trêmulo e jamais revelou o que ocorrera.

Há quem diga que a Grande Pirâmide já era um monumento antigo na época de Kéops. A chamada Estela do Inventário contém uma inscrição obscura que afirma que a Grande Pirâmide já existia quando se passa a história ali documentada. Segundo o relato, Kéops construiu sua pirâmide junto da Grande Pirâmide, na época conhecida como o templo da deusa Ísis. Depois construiu outra pirâmide para a filha, igualmente junto ao templo. Se verdadeiro o relato, isso poderia indicar, inclusive, que os faraós Kéfren e Miquerinos não construíram as pirâmides a eles atribuídas, mas apenas assumiram as pirâmides de Kéops e de sua filha, respectivamente.

Baseados na contradição entre a quantidade de conhecimentos matemáticos, geométricos e astronômicos necessários para edificar as pirâmides e algumas opiniões de que os conhecimentos dos antigos egípcios nessas áreas era pequeno, e com base ainda nas dificuldades práticas para realização da tarefa, já foi dito que embora as pirâmides estejam no Egito, isso não significa que sejam do Egito. O que se quiz dizer com isso é que teria havido na construção das pirâmides a influência de seres com conhecimentos superiores, os quais seriam os verdadeiros responsáveis pela obra. Dentro dessa linha de raciocínio argumenta-se que a Grande Pirâmide foi edificada por uma civilização antiga, com o objetivo de documentar seus conhecimentos e apresentar profecias através das quais os homens do futuro pudessem progredir no rumo da busca da sabedoria universal. Um historiador árabe de nome Masoudi, que viveu por volta do ano 900 da nossa era, chegou mesmo a afirmar que viu velhos documentos que atestavam que a pirâmide dita de Kéops era um monumento cuidadosamente planejado e construído para representar as leis básicas da natureza, inclusive um código de sabedoria dos antigos.

Considerando-se como verdadeiro o fato de que no decorrer da IV dinastia egípcia as pirâmides já eram consideradas antigas, conforme diz a Estela do Inventário, e aliando-se a isso as conclusões de Piazzi Smyth com relação aos alinhamentos das estrelas em relação à Grande Pirâmide, pode-se supor — e já houve quem o fizesse — que o alinhamento do corredor descendente com Alfa Draconis foi realizado não em 2170 a.C. e sim em 27.997 a.C., ou seja, exatamente um ciclo sideral distante de 2170 a.C. E alguém pode recuar ainda mais e considerar como válida qualquer data dos ciclos siderais anteriores: 53.824 a.C., 79.651 a.C. ou 105.478 a.C.

Ainda dentro da linha de raciocínio de que as pirâmides foram construídas por seresMAPA DA ATLÂNTIDA
mais evoluídos do que os egípcios, situa-se a corrente daqueles que consideram a Atlântida a origem de tais seres, ou pelo menos dos conhecimentos necessários à execução da obra. A Atlântida é um continente fabuloso que se acredita possa ter existido outrora no oceano Atlântico, a oeste do estreito de Gibraltar. Sua existência foi cogitada e investigada sobre os mais variados aspectos, dentro e fora dos limites daquele oceano, mas nada de definitivo foi descoberto até hoje. Nos seus escritos, Platão, filósofo grego que viveu cerca de 400 anos antes de Cristo, conservou um relato já antigo sobre a existência dessa pretensa civilização. Segundo ele, seria uma narrativa feita por um sacerdote egípcio, que se baseava em inscrições guardadas nos templos desde tempos imemoriais, ao legislador Sólon (640-558 a.C.), quando este visitou a cidade de Saís. O mapa acima foi desenhado pelo padre Athanasius Kircher, no século XVII, baseado nos relatos de Platão. Não se sabe porque ele inverteu a posição dos continentes e dos polos. A narrativa de Platão não contém nada de improvável, — afirma o pesquisador Max Toth — pois descreve apenas uma cultura grandiosa e rica de um povo instruído; a história é despretensiosamente livre de maravilhas e mitos. Desse modo, é uma história razoável de povos governados por reis, vivendo e progredindo como fizeram outras nações, mas que também se expandiram, tocaram e revolucionaram as civilizações do mundo. O que se acredita nesse caso é que a Atlântida situou-se em épocas além da origem conhecida da história e que dela adveio o modelo original para a edificação de todas as pirâmides existentes no mundo.

Em 1859, John Taylor, editor e matemático, publicou sua teoria de que a Grande Pirâmide foi construída por uma raça de invasores não egípcios, divinamente escolhida, agindo diretamente sob a direção de Deus. Piazzi Smyth também achava que apenas através da intervenção divina poderiam os egípcios ter adquirido os necessários conhecimentos para construir monumentos tão colossais e maravilhosos. E não foram só eles que pensaram assim. Na realidade, muitos acreditam ainda hoje que os antigos egípcios seriam incapazes de construir as pirâmides sem a ajuda de uma intervenção externa. O mais notório dos representantes dessa corrente é o pesquisador Erich von Daeniken, autor do livro intitulado Eram os Deuses Astronautas?, que acrescentou um ângulo novo à questão. Ele sustenta que aquilo que os antigos egípcios chamavam de deuses eram, na realidade, astronautas extraterrestres que usaram sua tecnologia superior para construir as pirâmides. Eles teriam erguido os monumentos como plataformas de pouso para suas espaçonaves ou para, possivelmente, captarem a energia do cinturão de Van Allen, agindo a pirâmide nesse caso como se fosse um isolador de um fio elétrico. Os detratores dessa teoria afirmam que ela se baseia apenas em evidências circunstanciais e que tratam o assunto com muito pouca profundidade.

Outras teorias interessantes não faltam. Uma delas leva em conta o fato de existirem ou terem existido duas entradas nos monumentos de Kéfren, de Miquerinos e na pirâmide torta e conclui, por raciocínio lógico, que deve ter existido uma segunda entrada também na pirâmide de Meidum, na pirâmide vermelha e na Grande Pirâmide, pois tais monumentos parecem estar dentro do mesmo gênero de construção. Conforme essa linha de pensamento, as pirâmides tinham por objetivo servir de túmulo para o ba e o ka do morto, enquanto que o seu kat, ou seja, o corpo físico, seria enterrado em outro local. Embora o ba e o ka fossem enterrados no mesmo monumento, supõem-se que, pelos rituais prescritos, cada qual teria sua própria entrada, corredores e câmaras. Várias hipóteses têm sido levantadas sobre a localização de uma eventual segunda entrada que poderia existir na pirâmide de Kéops. Enquanto alguns supõe que ela estaria localizada na face norte, isto é, na mesma face do monumento em que se encontra a primeira, porém num ponto mais acima com relação ao solo, outros asseveram que tal entrada deve ser procurada em outra face da pirâmide.

Lembrando, ainda, que os corredores e câmaras situados ao alto dentro da superestrutura da pirâmide de Kéops foram descobertos por acaso, quando uma pedra que bloqueava o corredor ascendente despencou providencialmente, os adeptos desse raciocínio acreditam que também possa haver corredores ascendentes na pirâmide de Kéfren, na de Miquerinos e nas pirâmides vermelha, torta e de Meidum, atribuídas ao faraó Snefru. Reforçam a hipótese com o argumento de que na pirâmide torta existem imensos blocos de pedra bloqueando uma das câmaras funerárias e que tal método de obstrução deve, provavelmente, ter sido usado nas demais pirâmides cuja semelhança arquitetônica é evidente. Dizem mais, ainda, que por baixo dos três grandes blocos de granito vermelho existentes na entrada do corredor ascendente da pirâmide de Képs, bem pode estar localizada a entrada de um outro corredor ainda a ser descoberto. Sendo praticamente impossível comprovar os fatos sem causar danos aos monumentos milenares, tais hipóteses ainda não foram confirmadas ou desmentidas.

Em síntese: é tão difícil provar que as pirâmides foram túmulos, quanto provar que não foram e que tinham outra finalidade. Seja como for, ninguém pode ser culpado por acreditar em qualquer uma dessas hipóteses. O que fica é o fato de que questões importantes sobre as civilizações antigas ainda precisam ser respondidas. A maior certeza que se pode ter com relação as pirâmides é que são uma das obras mais assombrosas jamais realizadas pelo homem.