Os egípcios produziram múmias durante mais de 3000 anos e é natural, portanto, que os métodos usados tenham se modificado ao longo do tempo. Dependendo da época, tais métodos atingiram maior ou menor perfeição. O natrão, por exemplo, não foi utilizado durante todos estes anos, mas apenas em determinado período. As variações dos procedimentos foram causadas não apenas pela época histórica, mas também pelo conhecimento e habilidade do profissional que realizava o trabalho, pelas posses da família do morto e por outros vários fatores. É muito provável que muitas das múmias tenham sido tão mal preparadas que o resultado final tenha sido apenas um monte de ossos. Em síntese, nunca houve um método único e imutável para preparação dos corpos mumificados.
Muito poucas múmias foram achadas do Período Dinástico Primitivo (c. 2920 a 2575 a.C.). Aquelas que foram recuperadas haviam sido secadas naturalmente pelo sol. Também não são muitas as múmias achadas do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.). Nelas o linho e o gesso eram componentes importantes. Um dos corpos localizados revelou que os membros foram embrulhados separadamente e que, no total, 16 camadas de linho foram enroladas ao redor do cadáver. Frequentemente aplicava-se gesso ou resina nas bandagens para criar uma espécie de escultura da múmia. Às vezes uma demão separada destes materiais era acrescentada como uma camada final, criando uma aparência ainda maior de estátua. Por fim, a face era pintada, às vezes com verde, a cor da ressureição.
A remoção dos órgãos internos foi aparentemente feita pela primeira vez durante a IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.). O abdómen era então preenchido com linho. A aparência de escultura de gesso foi abandonada no final da VI dinastia (c. 2323 a 2150 a.C.) ou no começo da VII dinastia (c. 2150 a.C.), embora sejam conhecidos exemplos posteriores, especialmente um da XI dinastia (c. 2134 a 2040 a.C.). As múmias do Império Antigo também podiam ser vestidas com roupas de linho por sobre as bandagens e a aparência delas era excelente, mas os resultados foram desastrosos: debaixo das bandagens elas apodreceram em função da humidade presa em seu interior.
No decorrer do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) foram usados muitos métodos diferentes de mumificação. Os sacerdotes aprenderam a remover o fígado, os pulmões, o estômago e os intestinos, mas não necessariamente eram todos retirados. O coração, considerado o órgão da razão, da emoção, da memória, e da personalidade, quase sempre permanecia em seu lugar, mas há exemplos de sua remoção e recolocação dentro do corpo, depois de ser embrulhado em linho. O rosto já não era mais pintado. Ao invés disso, uma máscara funerária era colocada sobre a cabeça da múmia. Um método menos comum desse período consistia em introduzir óleo de cedro pelo reto do cadáver, o que parece ter sido usado pelo menos em algumas múmias da XI dinastia (c. 2040 a 1991 a.C.). Evitava-se, assim, o trabalho de abrir o corpo e remover os órgãos internos. Injetando-se óleo e aguarrás no reto a substância ajudava a dissolver, pelo menos parcialmente, aqueles órgãos. Esta prática, entretanto, nunca teria sido usada em pessoas importantes e parece ter sido uma medida de economia.
Embora haja exemplos de remoção do cérebro já no Império Antigo, isso não era uma ocorrência comum. Até o Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) o cérebro era deixado normalmente dentro do crânio. A partir da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.) os embalsamadores reais quase sempre removiam o cérebro, frequentemente pela narina, ou, ocasionalmente, por uma órbita ocular ou por um buraco perfurado no crânio. Após a remoção a cavidade craniana era preenchida com serragem, resina ou linho encharcado em resina. E por falar em narinas, elas costumavam ser tampadas. As de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) foram preenchidas com sementes e um osso animal. Já no nariz de Ramsés IV (c. 1163 a 1156 a.C.), curiosamente, os arqueólogos encontraram resina revestida de camadas de cebola. Os quatro órgãos internos também eram retirados, lavados e secados, revestidos de resina e embrulhados em linho. O corpo também era revestido com muita resina. Se ao tirarem os pulmões removessem o coração acidentalmente, embrulhavam-no e recolocavam-no no peito. As unhas, tanto das mãos quanto dos pés, eram amarradas aos dedos para que não caissem durante a secagem do organismo. Depois de secarem o corpo com natrão, provavelmente substituindo a substância sempre que ficava úmida, enchiam o corpo com linho encharcado de resina para lhe dar uma forma natural e inibir insetos de se instalarem. Em múmias não pertencentes à realeza, os órgãos internos eram bem embrulhados, mesmo que não fossem removidos do corpo. Na XIX dinastia (c. 1307 a 1196 a.C.) as técnicas dos embalsamadores alcançaram grande perfeição.
O roubo de túmulos foi uma constante ao longo da história egípcia em função das riquezas que continham. Ataúdes, múmias e bandagens eram desmembrados na procura de ouro e pedras preciosas. Durante a XXI dinastia (c. 1070 a 945 a.C.), muitas das múmias reais cujas tumbas tinham sido roubadas foram novamente sepultadas com todas as cerimônias adequadas para assegurar a continuidade da existência dos reis na vida após a morte. Foi então que os sacerdotes perceberam que embora o método empregado para secar o corpo o preservasse, sua aparencia não permanecia muito natural. Assim, um novo passo foi dado ao processo de mumificação e os métodos empregados para mumificar a realeza atingiram o auge.
Os sacerdotes passaram a fazer o possível para dar ao defunto a aparência de uma pessoa viva. Removiam órgãos internos por uma incisão no abdómen e depois os recolocavam no corpo. Cobriam a incisão com um placa metálica com o desenho de um olho. Faziam várias outras incisões na pele, entre cinco e 17 cortes, de forma a que o corpo fosse preenchido de maneira mais realistica. O abdómen, as costas e o pescoço eram recheados com linho, serragem, areia, ou barro, o mesmo ocorrendo com os braços, pernas, nádegas e coxas. Costumavam colocar cera sobre as pálpebras e tampavam o nariz e as orelhas com o mesmo material, ou com linho. Foi descobera uma múmia cujas narinas foram tampadas com grãos de pimenta. Os globos oculares eram frequentemente empurrados para dentro e cobertos com blocos de linho. Às vezes eram pintados olhos sobre o linho. Entretanto, eventualmente, os egípcios usaram pedra ou vidro no lugar dos olhos. Algumas múmias receberam cascas de cebola ou, ocasionalmente, cebolas inteiras na cavidade ocular. O corpo inteiro era coberto com resina quente e envolto em bandagens, processo que só ele demorava de 10 a 15 dias para ser completado. Depois de seco e embrulhado, o corpo era pintado na cor vermelha para os homens e na cor amarela para as mulheres. Tufo isso dava ao cadáver a aparência de um boneco. É claro que nem todos podiam pagar esse método aperfeiçoado de mumificação. Infelizmente, às vezes os materiais das bandagens se alteraram com o passar do tempo e alguns dos corpos incharam.
A partir da XXII dinastia (c. 945 a 712 a.C.) houve um declínio das técnicas. Cada vez mais pessoas queriam ser mumificadas e os sacerdotes começaram a simplificar os procedimentos, menos no que diz respeito às bandagens. Passaram a usar menos enchimentos e mais resina derretida, o que tornava as múmias escuras e pesadas. Por sob as bandagens, os cadáveres não se conservaram em boas condições. Às vezes, acidentalmente, os corpos foram misturados e os cientistas encontraram partes de duas ou mais pessoas embrulhadas em conjunto.
Quando a XXVII dinastia se instalou em 525 a.C. começou o domínio dos persas sobre o Egito, seguidos pelos gregos e romanos. Então o volume de trabalho dos embalsamadores aumentou ainda mais e eles não dispunham de todo o tempo que empregavam anteriormente. Frequentemente os corpos já haviam começado a se deteriorar antes que os peritos iniciassem o serviço. Radiografias de múmias deste período mostram bandagens que cobrem corpos incompletos, com as partes perdidas substituídas por ossos, cerâmica, ou fibras de palma. Métodos tradicionais foram sendo desprezados e os corpos eram cobertos com uma resina preta semelhante a betume. Não mais se dava ênfase ao tratamento do corpo, mas sim aos aspectos externos. Cartonagens cobriam o rosto, o peito e as pernas e pés do defunto. Posteriormente, retratos do defunto eram pintados em tábuas finas de madeira e presas nas bandagens, as quais, por sua vez, eram embrulhadas seguindo elaborados padrões em formato de diamante. A parte central dos padrões estava frequentemente enfeitada com pinos dourados.