A carpintaria é uma arte muito antiga no Egito, tendo surgido no final do período pré-dinástico, por volta de 3500 a.C., época em que as ferramentas de cobre estavam suficientemente desenvolvidas para esse trabalho. O carpinteiro egípcio sempre foi um artesão notável. Ele inventou e executava com perícia todas as maneiras de fazer juntas de madeira: encaixe, macho e fêmea, rabos de andorinha, colagem, chapeamento e marchetado. Os trabalhos em madeira eram realizados com diversas árvores naturais do próprio Egito como, por exemplo, a acácia, a alfarrobeira e o zimbro, outras vindas da Síria e algumas, como o ébano, oriundas dos países do sul. Os troncos das árvores eram cortados em pedaços ou em tábuas com serras de mão e na obtenção de barrotes usava-se um machado de cabo comprido. Outro instrumento empregado era a enxó, formada por uma lâmina fina amarrada à extremidade de um cabo e que fazia as vezes da plaina atual. Buracos redondos eram obtidos com uma verruma movida por um arco, enquanto que encaixes e junturas eram talhados com cinzel. Como a madeira era escassa no Egito, seus habitantes tiveram que inventar o compensado. Em um ataúde fabricado aproximadamente em 2650 a.C., ou seja, durante a III dinastia, foi encontrado um fragmento de compensado feito com seis folhas de madeira, cada uma com cerca de quatro milímetros de espessura, unidas por pequenas espigas e minúsculas cavilhas redondas. Para unir duas peças de madeira lado a lado, os egípcios usavam a técnica de chanfrar as bordas para que a união fosse perfeita. Os veios da madeira tinham sua direção alternada entre folhas sucessivas. Com isso se obtinha maior resistência e evitava-se o empenamento, como se faz, aliás, no compensado moderno. O banco de carpinteiro era ainda desconhecido – nos ensina Pierre Montet. Se se queria serrar uma peça de madeira no sentido do comprimento, ligava-se a prancha a uma estaca cravada na terra. Os movimentos da serra podiam provocar vibrações e finalmente a quebra da madeira. Impedia-se este contratempo ligando a extremidade superior da prancha a um barrote que era preparado com um pau ao qual se encontrava atado um grande peso. Mas, se a tábua não era demasiado grossa, o operário agarrava-a com a mão, apoiando-se no solo, e serrava-a com a outra. O mesmo fazia quando trabalhava com a enxó e nesse caso servia-se também dos pés. Para os encaixes preferiam-se cavilhas e pedaços de madeira e cola aos pregos de metal que serviam, de preferência, para fixar à madeira as placas metálicas. Era ainda com a enxó que se fazia desaparecer as imperfeições menos importantes após a montagem. O polimento vinha em último lugar. Tendo em vista que os egípcios fabricavam arcos, flechas, dardos, bengalas e cetros de toda espécie e ainda instrumentos musicais, havia necessidade de obter ora hastes perfeitamente retas, ora hastes curvas e indeformáveis. O autor já citado explica que para curvar as vigas aqueciam-nas antes de as descascarem e introduziam-nas numa espécie de banco primitivo que consistia numa viga forcada cravada no solo cujos dois ramos estavam ligados por um atilho muito forte. O ramo aquecido, uma vez introduzido neste aparelho, recebia a curvatura desejada por meio de uma barra auxiliar.
pua de arco, enxó, formão, sovela, serra e machado. |
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