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Uma análise dos pós cosméticos usados pelos antigos egípcios revelou um nível inesperado de sofisticação na química praticada por eles. Já se sabia que usavam tecnologia baseada em fogo para produzir os pigmentos azuis, mesmo anteriormente a 2500 a.C. Mas análises dos pós cosméticos negros, verdes e brancos demonstraram o alto nível das práticas químicas daquela época. Os pesquisadores identificaram nos pós vários ingredientes orgânicos e minerais. Dois dos ingredientes minerais, a galena e a cerusite, ocorrem normalmente na natureza e eram triturados. A surpresa, porém, veio da laurionita e da fosgenita, compostos que raramente ocorrem na natureza. Eles são achados quando artefatos de chumbo são atacados pela ação da água do mar. Ou, no caso da fosgenita, o composto também pode ser achado quando minerais que contenham chumbo ficaram expostos a águas carbonatadas e cloradas. Os pesquisadores afastaram a hipótese de que os materiais tivessem sido extraídos das escassas fontes naturais, pois eram muito abundantes nas amostras cosméticas preservadas. Eles chegaram à conclusão de que os egípcios eram capazes de sintetizar artificialmente os compostos. Para provar a tese, seguindo receitas documentadas por autores clássicos, os técnicos reconstruíram o processo que provavelmente os egípcios usavam. Ele consistia em fazer uma mistura aquosa contendo óxido de chumbo, sal-gema e às vezes natrão, a qual era filtrada e o procedimento repetido diariamente durante várias semanas. O processo foi recriado em laboratório usando-se óxido de chumbo e pós de sal imerso em água não carbonatada. O precipitado resultante foi identificado com sucesso como laurionita. O mesmo processo na presença de carbonato produziu fosgenita. Uma vez que os procedimentos requerem operações repetitivas, a manufatura de tais compostos revelam um nível previamente desconhecido de sofisticação da química egípcia antiga. Na figura ao lado vemos um tubo destinado a conter maquiagem para os olhos com seu respectivo aplicador. A peça, datada da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.), encontra-se hoje no Museu Britânico de Londres.
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Usando alta tecnologia, Matt DuPlessie, um graduado do MIT - Massachusetts Institute of Technology, criou um espetáculo de aventura interativo ambientado numa tumba egípcia. No início do show um poderoso faraó enraivecido tem seu semblante assustador projetado por computador sobre uma catarata e sua voz tonitroante exclama: Como se atrevem penetrar no meu local de repouso? Não há mais tempo para fugir: os espectadores estão presos dentro da tumba, luzes lampejam subitamente, as paredes parecem tremer e uma guia que conduz os participantes pela diversão, antes corajosa, agora enterra o rosto no chapéu. Cobras venenosas, tetos que desabam e armadilhas secretas, para citar apenas alguns dos efeitos especiais de alta tecnologia do show, poderiam levar facilmente qualquer um à morte. Mas se os "arqueólogos voluntários", como são chamados os participantes da brincadeira, puderem resolver os enigmas do faraó, acharão sua múmia perdida e emergirão do jogo como heróis.
Com investimento de quase um milhão de dólares essa produção, que parece um filme de Hollywwod, tem mais de 150 efeitos sonoros, ilusões visuais, jatos de ar comprimido, pedras em chamas, tetos que caem, tudo montado numa das avenidas de Boston, nos Estados Unidos. O espetáculo permite que os participantes controlem seus próprios destinos, quase como se estivessem jogando um "vídeo game". Grupos de 5 a 15 pessoas entram nas bem elaboradas câmaras da tumba à procura de um professor que desapareceu dez anos atrás. Uma vez lá dentro, caminham de sala em sala, esquadrinhando paredes cobertas de hieróglificos em busca de passagens secretas, exercitando os músculos para deslocar estátuas, sentindo como se realmente existissem cobras serpenteando em seus pés e torturando seus cérebros na resolução de enigmas antes que o tempo se esgote. Sofisticadas divindades tumulares geradas por computador acompanham as ações dos participantes e mudam os 40 minutos da aventura, dependendo do sucesso ou fracasso do grupo frente aos desafios. O computador escolhe um dentre vários finais diferentes, sendo que só os grupos melhor sucedidos conseguem chegar na câmara na qual a múmia se encontra. Os que não conseguem vencer os desafios morrem. Não literalmente, é claro. Os grupos que falham na missão passam por uma experiência de falsa morte antes que o jogo se encerre. Por cerca de meio segundo apenas, para que ninguém sofra um ataque cardíaco, experimentam uma súbito aumento da pressão sanguínea. Veja mais detalhes dessa aventura no site em inglês do espetáculo.
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O santuário do templo principal de Abu Simbel permanece na escuridão durante 363 dias por ano. Apenas em duas ocasiões, 22 de fevereiro e 22 de outubro, a luz do Sol penetra na câmara mais interna do monumento, a qual abriga estátuas sentadas representando as divindades Ptah e Amon-Rá, o faraó Ramsés II e o deus Rá-Harakhti, nessa ordem, da esquerda para a direita, na foto. Apenas as três últimas estátuas são iluminadas. A de Ptah permanece eternamente nas sombras. A tradição afirma que aquelas seriam, respectivamente, as datas do nascimento e da coroação daquele faraó, mas os arqueólogos não confirmam tal hipótese. Milhares de turistas visitam Abu Simbel para ver esse espetáculo no templo de um faraó célebre por suas campanhas militares e por seus projetos monumentais de construção. Ramsés II, que reinou aproximadamente entre 1290 e 1224 a.C., ou seja, por cerca de 66 anos, 33 anos após a morte de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.), tornou-se uma legenda por ter combatido os Hititas e os Sírios, tradicionais inimigos do Egito. Para celebrar suas vitórias, Ramsés ergueu monumentos ao longo do Nilo registrando seus feitos. O templo principal de Abu Simbel, construído na fronteira entre a Núbia e o Alto Egito, tem 33 metros de altura e foi cavado numa montanha de rocha arenítica existente nas margens daquele rio. Quatro estátuas colossais do faraó, cada uma com 22 metros de altura, guardam a entrada do monumento. A seus pés erguem-se pequenas estátuas de seus familiares: sua mãe, sua esposa favorita, Nefertari, e um de seus filhos. No interior do templo três salões interligados se estendem por 56 metros dentro da montanha. Abu Simbel é um dos maiores, se não o maior templo cavado na rocha em todo o Egito. A rocha era um lugar sagrado porque os egípcios acreditavam que a divindade vivia no interior da montanha. Templos cavados na rocha tinham provavelmente significado especial no antigo Egito porque a protuberância, numa terra normalmente plana, pode ter sido encarada como o local no qual os deuses emergiam da terra. Com a construção da barragem de Assuão nos anos 60 e o surgimento de um conseqüente lago que inundou a área, o templo foi deslocado para um local distante 210 metros da posição original. Peça por peça os templos de Ramsés II e de Nefertari, que ficava ao lado, foram recortados em enormes blocos de pedra de até 30 toneladas, posteriormente remontadas numa nova "montanha" de aço e cimento a salvo das águas. Com esse deslocamento os dias nos quais as estátuas são iluminadas anteciparam-se em 24 horas e agora o Sol atinge o faraó e os deuses nos dias 21 de fevereiro e de outubro.
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Usando modelagem por computador os cientistas têm estudado antigas obras de arte egípcia como, por exemplo, esta máscara mortuária de uma mulher da nobreza que fazia parte da corte de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.). Essa peça, com mais de 3000 anos de idade, teve sua imagem tri-dimensional transferida para um computador da Universidade de Pittsburgo, nos Estados Unidos. Dessa maneira ela pode ser virada e revirada em todos os sentidos, coisa que os visitantes e até mesmo os curadores do museu onde ela se encontra não podem fazer devido à sua fragilidade. A modelagem por computador está se tornando uma ferramenta importante para os museólogos. Nessa máscara em especial o uso da tomografia computadorizada associada à modelagem em 3-D permitiu entender o trabalho manual necessário para produzi-la, identificar as áreas que haviam sido restauradas no passado e planejar a reconstituição de um pedaço danificado. O escaneamento da máscara produziu uma série de camadas horizontais do artefato em intervalos de um milímetro. Ela é feita de tecido de linho e gesso, tendo folhas de ouro à guisa de pele, cabelo feito de betume, incrustações em vidro e amuletos em madeira.
De forma simplificada, um modelo computadorizado em 3-D descreve o contorno da máscara como uma rede de triângulos. Mas nesse caso o modelo foi sobreposto com imagens fotográficas do exterior da peça. A máscara foi fotografada em intervalos de 45 graus e para combinar essas imagens bi-dimensionais com o modelo em 3-D os triângulos do modelo tiveram que ser convertidos para duas dimensões. O modelo "achatado" ficou grandemente distorcido, mas os técnicos foram capazes de pacientemente casar as imagens fotograficas com o modelo, começando com pontos facilmente identificáveis como os olhos e a boca. O resultado revelou alguns pormenores do trabalho artesanal que antes haviam passado despercebidos. O escanemento mostrou áreas com diferentes qualidades de linho, sugerindo que consertos haviam sido feitos. Em alguns detalhes que pareciam ter sido simplesmente pintados na máscara percebeu-se que, na realidade, haviam sido entalhados primeiro e depois pintados. O lado superior esquerdo da peça havia sido danificado, como se tivesse levado uma pancada ou caído. Um dos objetivos do estudo era o de usar a modelagem para guiar a restauração. O modelo computadorizado torna fácil produzir uma cópia exata da máscara em material plástico. Usando essa cópia torna-se possível modelar uma espécie de implante para a área perdida, o qual pode então ser transferido para a máscara em si.
A imagem acima mostra o modelo computadorizado da máscara mortuária egípcia. À esquerda vemos o modelo geométrico básico e podemos observar a rede de triângulos que formam a imagem e, à direita, temos a versão na qual as fotos foram combinadas com o modelo em três dimensões.
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A travessia do Mar Vermelho feita pelos hebreus sob o comando de Moisés é um dos episódios mais intrigantes da Bíblia. Ela conta que diante da intransigência do faraó que não quis permitir a saída dos hebreus, Deus enviou as dez pragas e só depois, então, tiveram permissão para a retirada. Entretanto, quando os hebreus já haviam iniciado a sua marcha, o faraó arrependeu-se de tê-los libertado e, à frente de 600 carros escolhidos e equipados com tropas de escol, foi-lhes ao encalço. Alcançou-os às margens do Mar Vermelho. O povo se apavorou e Moisés lhes disse:
Não tenhais medo; ficai e considerai as maravilhas que Javé fará hoje; pois os egípcios que agora vêdes, não tornareis a vê-los jamais. Javé combaterá por nós; nada vos restará a fazer. (Exodus 14:13,14)
Estavam nessa situação dramática quando Javé disse a Moisés: "Por que clamas a mim? Ordena aos filhos de Israel que continuem o seu caminho. E tu, levanta o bastão e estende a mão sobre o mar; divide-o para que os filhos de Israel caminhem a pé enxuto pelo meio do mar." (Exodus 14:15,16)
O patriarca, obedecendo às ordens do Senhor, levantou o seu cajado e estendeu a mão sobre as águas e, prossegue a Bíblia: Tendo Moisés estendido a mão sobre o mar, Javé fê-lo recuar por meio do vento leste durante toda a noite. Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar a pé enxuto, tendo as águas como um muro à direita e à esquerda. Os egípcios que os perseguiam invadiram atrás deles o meio do mar: toda a cavalaria do faraó, os seus carros e cavaleiros. (Exodus 14:21 a 23)
Depois que o exército egípcio penetrou pelo centro da imensa massa de água fendida, Javé provocou pânico entre eles, travou as rodas dos carros e os guerreiros tiveram dificuldade em avançar. Então, disse Javé a Moisés: "Estende a mão sobre o mar, para que as águas voltem sobre os egípcios, seus carros e seus cavaleiros." Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o mar, ao romper da manhã, voltou para o seu lugar habitual. Os egípcios, fugindo ao encontro dele, foram aniquilados no meio do mar. As águas no seu refluxo cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército do faraó que tinham entrado no mar; não escapou um só deles. (Exodus 14:26 a 28)
Se o fato ocorreu como descreve a Bíblia é uma incógnita. Pesquisas, entretanto, não faltam sobre o assunto. No fundo do golfo de Acaba, local que se acredita possa ter sido o cenário das cenas descritas pela Bíblia, mergulhadores têm encontrado estranhas formas cobertas por coral, como essa que vemos ao lado, que se assemelham muito às rodas de carruagens usadas no tempo de Moisés. Atualmente não é permitido retirar tais objetos de seus lugares, mas no final da década de 70 do século XX foi encontrada e retirada do local a parte central de uma roda. Ela ainda apresentava os restos de oito raios e se acredita que possa ser datada da XVIII dinastia egípcia, que reinou aproximadamente entre 1550 e 1307 a.C., pois somente nesse período se usava rodas com oito raios. O autor da descoberta foi Ron Wyatt, um arqueólogo amador já falecido, que passou muitos anos procurando evidências físicas dos eventos mencionados na Bíblia. Atualmente existe nos Estados Unidos um museu e centro de pesquisas denominado Wyatt Archaeological Research que exibe as diversas fotos feitas por mergulhadores naquela região. O significado de eventuais achados é de extrema importância para a datação do Êxodo e a determinação da dinastia durante a qual teria ocorrido.
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O suicídio de Cleopatra em 12 de agosto do ano 30 a.C. é uma das páginas mais conhecidas da história da humanidade. As testemunhas do fato devem ter sido seu médico Olympos e seu inimigo Otaviano. A versão de que ela e duas de suas criadas, Eiras e Charmion, foram picadas por uma serpente naja, que passou pelos guardas acondicionada numa cesta de figos, foi dada pelo historiador Plutarco, que viveu aproximadamente entre os anos 50 e 125 da nossa era, baseado nas memórias de Otaviano, documento que os historiadores modernos jamais viram.
Mas será que a versão de suicídio aceita até hoje, e retratada no cinema como na cena ao lado com a atriz Megan Ward, resiste à uma investigação moderna feita por um perito forense? Pat Brown, uma criminalista de Mineápolis, acha que não. Ela é uma investigadora criminal especializada em casos de assassinatos não solucionados.
Cleópatra, pouco antes de se matar, enviou para Otaviano um bilhete que ele entendeu, acertadamente, tratar-se de um bilhete suicida. Pat, que já viu dezenas destas mensagens, afirma categoricamente que esse não é o comportamento normal dos suicidas. Eles costumam deixar as notas ao lado do corpo, para serem encontrados após a morte, e não os enviam para alguém que possa correr a tempo de salvá-los, pois isso não faria qualquer sentido.
A naja é uma serpente grossa, com cerca de dois metros e meio de comprimento. Uma cesta de figos para abrigá-la teria que ser muito grande e esse apetite descomunal de Cleopatra pela fruta provavelmente despertaria a suspeita dos guardas. Outro aspecto que chama a atenção é a cronometragem. A morte por uma picada de naja leva em média duas horas para ocorrer. No caso de Cleópatra, quando, em questão de minutos, os guardas de Otaviano entraram no local, não só a rainha havia falecido em tempo recorde, mas suas duas criadas também. Isso não é impossível, mas é pouco provável. Deve-se considerar ainda que nem toda picada de cobra injeta veneno. Quando uma pessoa é mordida por uma cobra venenosa e os colmilhos perfuram sua pele, haverá provavelmente apenas uma chance de 50%, em média, de que veneno seja injetado. Três picadas em seguida com injeção de veneno também não é impossível, mas a probabilidade estatística de que ocorra é bastante remota.
Por outro lado, o horror a cobras é inerente ao ser humano. Pegar uma cobra com as mãos, ainda que não venenosa, é um supremo desafio para qualquer um. Enfrentar, segurar e se deixar picar por uma naja requer uma coragem muito acima daquela de que são dotadas as pessoas em geral. É mais uma vez bem pouco provável que aquelas três mulheres tivessem toda essa valentia.
Outro mistério: quando os guardas enviados por Otaviano chegaram, minutos depois, a serpente desaparecera sem deixar rastros, assim como não havia nenhuma taça de cicuta, nenhum punhal, nenhum pente envenenado.
Com todas estas anomalias e improbabilidades e levando-se em conta que Cleópatra estava sob a custódia de Otaviano quando morreu, que ele seria o maior beneficiado com a morte dela, que Plutarco teria se valido de testemunho dele para atestar o suicídio e, finalmente, que o futuro imperador romano logo em seguida mataria Cesário, o filho da rainha, parece óbvio que todas as suspeitas de um eventual assassinado dela recai sobre ele.
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