O fato que levou este faraó a adorar o deus Seth é desconhecido. É possível que os Seguidores de Seth tenham aumentado seu poderio numa tal medida que o faraó considerou prudente adotar o culto daquela divindade. Nosso conhecimento desse período — afirma o arqueólogo W. B. Emery — é tão fragmentar que é impossível postular qualquer hipótese que se ajuste a todos os fatos, mas parece quase certo que no reinado de Sekhemib alguma forma de revolução religiosa e o enfraquecimento da soberania dos reis Tinitas aconteceu. De qualquer maneira, foi uma mudança notável na tradição ao preterir o falcão de Hórus que desde os primeiros tempos havia sido o símbolo do faraó. Este movimento era, obviamente, uma declaração político-religiosa e o faraó, assim, tomou partido no conflito contínuo entre os partidários das duas divindades. Ao que tudo indica, pelo menos durante as primeiras dinastias egípcias a divindade chamada de Seth não parece ter sido tão sinistra quanto em épocas posteriores.

Muitos historiadores acreditam que Peribsen não era herdeiro legítimo de Ninetjer, mas instigou um súbito golpe contra ele. Tinha suas raízes no Sul e provavelmente já reinava na região quando resolveu depor seu adversário ao norte. Ao que tudo indica, continuou reinando a partir do Alto Egito ao longo de todo o seu período no trono, mesmo após a vitória. Nenhum único traço dele foi encontrado no Baixo Egito, com exceção de uma inscrição com seu nome achada em Saqqara e levada para lá em tempos posteriores. Ele foi o primeiro rei a escrever o nome dentro de um cartucho, como demonstra um lacre cilindrico preservado hoje em dia no Museu Egípcio de Turim, na Itália.

A arqueologia demonstrou que quase todos os monumentos reais desse período em Abido, Nagadeh e Saqqara estavam grandemente danificados pelo fogo e as evidências sugerem fortemente que os incêndios foram deliberados, com sanção oficial, e talvez tenhamos aqui o resultado das facções em guerra tentando destruir o pós-vida de seus oponentes dinásticos. Entretanto, seja qual for a guinada religiosa que Peribsen tenha dado, seu espírito foi venerado e seu culto preservado em Mênfis até a IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.).

O nome Sekhemib junto ao título Conquistador das terras estrangeiras foi encontrado em fragmentos de vasos de pedra na pirâmide de degraus de Djoser. Fora isso, nenhuma referência a ele foi descoberta em Saqqara. Seu único monumento é a tumba de Abido, cuja superestrutura foi totalmente destruída. No subsolo permaneceu uma cova revestida de tijolos na qual existe uma câmara funerária central rodeada por armazéns, como podemos observar no esquema e na foto acima. A estrutura foi mal construída e, mesmo considerando-se a superestrutura, não deve ter excedido as medidas totais de 21 por 18,5 metros. Não existem outros túmulos ao redor, o que significa que nessa época a tradição de enterrar criados próximo de seus patrões já havia cessado. No exterior da tumba havia duas estelas funerárias, mas apenas uma chegou até nossos dias e pode ser vista na foto do alto desta página. Em Elefantina foi descoberto um templo dedicado ao deus Seth construído por ordem deste faraó.