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PALETA No final do período pré-dinástico a arte egípcia produziu as famosas paletas de ardósia verde que hoje se espalham por diversos museus do mundo. Nelas já começam a surgir os principais convencionalismos que dominarão os trabalhos em baixo-relevo da época faraônica. Um deles, por exemplo, é a distribuição das figuras não em uma forma desordenada e dispersa, mas sim em registros superpostos.

O arqueólogo E. M. Drioton nos diz que a decoração de tais peças, que representa ou simboliza combates e conquistas de cidades, evoca guerras que precederam imediatamente à unificação das duas partes do Egito. Essas paletas deixaram de ser, como eram anteriormente, simples peças de modestas dimensões recortadas em pedaços de ardósia. Haviam tomado a forma, e às vezes o tamanho, de pequenos escudos oblongos, decorados em ambas as faces com baixos-relevos. Uma depressão redonda, que se localizava ao centro de uma das faces, testemunhava a aplicação primeira de tais objetos, mas isso não era mais do que uma lembrança. As paletas, esculpidas de ambos os lados, haviam passado a ser na realidade objetos votivos nos quais os capitães da guerra faziam representar seus façanhas de armas e que depositavam, junto com clavas decoradas de igual maneira, no templo do deus a cuja benevolência atribuíam suas vitórias. Em tais condições foi descoberta, no templo de Hórus, em Hieracônpolis, a famosa paleta do rei Narmer.

A figura acima mostra uma paleta cerimonial de rocha parda do período proto-dinástico, proveniente de Hieracômpolis. Conhecida como paleta dos dois cachorros, ela mostra, além deles, animais do deserto e duas bestas míticas de pescoço comprido no estilo da arte mesopotâmica.