Era uma vez um sacerdote chamado Weba-oner, casado com uma mulher que se apaixonou por outro homem. Sempre que podia ela trazia o seu amante para o jardim de sua casa, onde havia um pavilhão à beira de um lago e ali passava o dia comendo e bebendo até escurecer. Ao cair da noite o homem entrava no lago para se banhar. Porém o zelador do lago, sabendo disso, contou tudo para seu patrão. Weba-oner, sem demonstrar muita irritação, mandou que lhe trouxessem a sua caixa mágica. Tirou de dentro dela um tipo de cera e modelou um crocodilo com sete palmos de comprimento. Proferiu um encantamento mágico e disse para o seu empregado, entregando-lhe o modelo do crocodilo: "Espere o momento em que o tal homem entrar no meu lago para tomar banho; jogue então este crocodilo na água na direção dele." Quando chegou a hora certa, o zelador fez o que o seu patrão mandara. O modelo, ao ser jogado na água, se tornou um crocodilo de verdade com sete cúbitos de comprimento. Agarrou o amante e carregou-o para o fundo do lago onde o manteve sem respirar durante sete dias. No sétimo dia Weba-oner foi até o faraó e lhe disse: "Quer Vossa Majestade acompanhar-me e ver um portento do seu reinado?" Ambos foram até o lago e o sacerdote chamou o crocodilo por mágica e disse: "Traze-me o homem até aqui." Quando a fera voltou com o homem o faraó se assustou e disse: "Esse crocodilo não pode deixar de ser perigoso." Weba-oner abaixou-se e pegou o crocodilo que tornou a ser um modelo de cera em suas mãos. Depois que o faraó soube o que o homem fizera com a mulher de Weba-oner, disse ao crocodilo: "Toma o que te pertence." O crocodilo tornou a mergulhar e ninguém ficou sabendo para onde ele levou o homem. O faraó ordenou que a mulher de Weba-oner fosse queimada viva. Assim foi feito e suas cinzas foram jogadas no Nilo.
em electro, datado da XII dinastia (c. 1991 a 1783 a.C.). |