Em maio de 2016 foi encontrado um feto mumificado dentro de um ataúde de cedro do tamanho de uma caixa de sapatos. Embora o caixão esteja deteriorado, é evidente que a madeira foi cuidadosamente esculpida em escala minúscula e decorada. Trata-se de uma miniatura exata de um caixão para adulto. A peça, de 44 cm de comprimento, estava no depósito do Fitzwilliam Museum, localizado na cidade inglesa de Cambridge. Na realidade ela lá está desde 1907, é originário de Gizé, e acreditava-se que continha um pacote com os órgãos mumificados extraídos de algum cadáver.
Agora, novas tecnologias revelaram que se trata de um bebê abortado entre a 16ª e a 18ª semana de gravidez, o que deve ter ocorrido aproximadamente entre 664 e 525 a.C. Embora os fetos no quarto mês de gravidez não sejam compatíveis com a vida fora do útero, eles são visivelmente humanos a olho nu, com todas as partes do corpo formadas, ainda que muito pequenas. Examinando a tomografia computadorizada foi possível perceber que o feto está com os braços cruzados sobre o peito com os 10 dedos das mãos e pés perfeitamente preservados. O crânio e a pélvis desmoronaram, mas os ossos longos das pernas e braços podiam ser vistos. A tíbia esquerda da criança mede apenas 1,6 cm de comprimento. A minúscula múmia foi envolta em bandagens e resina preta derretida foi derramada sobre ela antes do fechamento do caixão. A complexidade deste e sua decoração são indicações claras da importância que se dava à criança morta. Também nos faz entender que até uma criança por nascer tinha a chance de tentar a vida após a morte, ao que parece.
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