Colin D. Reader, um engenheiro geológico, foi outro cientista que investigou a possível antiguidade da esfinge. Ele buscou evidências geológicas de que o monumento poderia ser bem mais antigo do que se pensa. Para isso, comparou, principalmente, a pedra da esfinge diretamente com a pedra dos muros circundantes. Constatou que os estratos de rocha na esfinge não mostram o mesmo desgaste da continuação dos mesmos estratos nos muros circundantes — profundamente erodidos — que ficam defronte. Enquanto a erosão na esfinge está uniformemente distribuída ao longo do comprimento do seu corpo, a parede sul do muro mostra erosão crescentemente severa na medida em que se move de leste — foto acima — para oeste — foto abaixo. A profundidade da erosão na extremidade oeste do muro circundante é maior do que a profundidade da erosão em qualquer parte da esfinge. A parede ocidental, ou seja, a que passa atrás da esfinge, exibe em toda sua extensão a mesma profunda erosão da extremidade oeste da parede sul. Se o vento ou efeitos químicos fossem a única causa do desgaste do monumento e dos muros, eles deveriam ter afetado a mesma rocha da mesma maneira tanto na esfinge quanto nos muros. A temperatura do ar e a umidade são os principais fatores que poderiam influenciar a intensidade do desgaste pelo vento ou por substâncias químicas. Porém, tais fatores têm pouca variação no espaço de cerca de 20 metros que separam o corpo da esfinge das paredes dos muros que a circundam e, assim sendo, Reader considera que o desgaste por estes processos não conduziria ao desenvolvimento de uma distribuição tão heterogênea de tal desgaste como a que se verifica no local.
A necrópole de Gizé está situada em um planalto de pedra calcária suavemente inclinado, que cai de seu ponto mais alto no oeste, além da pirâmide de Kéfren, por uma distância de mais de um quilômetro e meio antes de alcançar o ponto até onde chega a inundação do Nilo, a uma curta distância do leste da esfinge. Antes da construção das três grandes pirâmides, entre 2500 e 2400 a.C., esse planalto era um coletor para chuva e seu escoamento. A escavação do planalto para extrair a pedra destinada à pirâmide de Kéops (c. 2551 a 2528 a.C.) reduziu drasticamente esta área de coleta. Reader argumenta que a escavação do muro circundante da esfinge deve ter precedido a escavação do planalto para construir a pirâmide de Kéops. Só assim as paredes dos muros poderiam ter se corroído tanto, como o fizeram, pelo escoar da água no planalto. Embora o período dinástico egípcio tenha sido dominado por condições climáticas de aridez, houve intervalos mais úmidos. Só em 2350 a.C. é que ficaram totalmente estabelecidas as condições atuais de aridez. Entre a data proposta por Schoch para construção da esfinge, ou seja, entre 7000 e 5000 a.C., e 2350 a.C. houve uma fase de transição, durante a qual a crescente condição de aridez foi interrompida por chuvas ocasionais, provavelmente sazonais. Como a vegetação era pouca e a camada de solo sobre as rochas era pouco profunda, pesadas chuvas esporádicas saturavam o solo rapidamente e corriam sobre o planalto em direção ao vale do Nilo.
Ainda que de curta duração, o grande volume destas águas, correndo por extensas áreas, produzia enxurradas capazes de provocar significativa erosão. Devido à topografia do local, as águas fluíram para regiões mais baixas e devem ter se despejado sobre a parede oeste do muro, erodindo a pedra calcária exposta e penetrando em qualquer fenda existente. A quantidade de água que atingiu o lado leste do muro deve ter sido proporcionalmente menor, produzindo erosão também menor. Embora as faces leste e oeste temham a mesma idade, a degradação ocorrida é significativamente mais intensa a oeste, lado sobre o qual mais enxurrada deve ter sido descarregada. O corpo da esfinge em si deve ter gerado pouco volume de enxurrada, pois deve ter ficado isolado da enxurrada vinda do planalto pela escavação que a rodeava. Ao expor esses argumentos, Reader acrescenta que o planalto de Gizé esteve sujeito a chuvas e enxurradas durante a IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.) e, portanto, a erosão do muro oeste pelas águas acumuladas das chuvas não significa, necessariamente, que se tenha que fazer uma reavaliação da data de construção da esfinge.
Existe uma pedreira a oeste da esfinge e há seguros indícios arqueológicos de que ela foi explorada no tempo de Kéops. Assim que as pedras começaram a ser retiradas dali, alterou-se a hidrologia de superfície do local, pois a escavação interceptou qualquer enxurrada vinda da parte mais alta do planalto a oeste e evitou sua descarga na direção da área da esfinge. De acordo com a opinião da maioria dos arqueólogos, a criação da esfinge ocorreu depois da construção da pirâmide de Kéops e do trabalho nas pedreiras a ela associadas. Em virtude do efeito dessas pedreiras na hidrologia de superfície do local, Reader pondera que se assim tivesse ocorrido a erosão dos muros da esfinge provocada pela enxurrada das chuvas teria sido em grande parte impedida. Ele considera que sem a ação deste agente de erosão não é possível fornecer uma análise completa que explique todas as características da degradação presente nos muros que circundam a esfinge. Por esse motivo, conclui que a escavação da esfinge foi empreendida algum tempo antes de ser iniciada a extração de pedras da pedreira de Kéops, quando a chuva sobre as áreas mais elevadas do planalto de Gizé eram capazes de se acumular numa área significativa, ganhando força antes de se descarregarem, finalmente, sobre os muros que rodeiam a esfinge.
Ele vai além e explica que a arqueologia estabeleceu que as pedras usadas para construir o Templo da Esfinge foram extraídas da região ao redor da própria esfinge. Isso indica que a esfinge e seu templo foram, provavelmente, erguidos ao mesmo tempo e, levando-se em conta o que vimos no parágrafo anterior, ele acredita que as duas construções são anteriores à época de Kéops. Por outro lado, também existem indícios de atividades construtivas durante a IV dinastia dentro da área circundada pelos muros que envolvem a esfinge, mas Reader as encara como apenas uma fase limitada dos trabalhos, que não pode ser usada para datar o início da construção da esfinge e seu templo. Sabe-se que o Templo da Esfinge foi construído em dois estágios, sendo que no segundo foi feita uma ampliação de suas paredes norte e sul. Os indícios são de que essa segunda fase ocorreu durante a IV dinastia. Baseado no desgaste das pedras calcárias expostas dentro do perímetro limitado pelos muros que circundam a esfinge, Reader afirmou ser evidente que a primeira e a segunda fases ocorreram sob diferentes condições criadoras de desgaste e de erosão e que, provavelmente, um significativo período de tempo as separou.
Reader, visto na foto ao lado, entende que a degradação irregular das pedras dos muros que circundam a esfinge, mais intensa em alguns pontos do que em outros, só pode ser explicada atribuindo-se a construção da esfinge e da primeira fase do seu templo a um período anterior àquele em que Kéops extraiu as pedras do local, quando a pedra calcária exposta ainda estava sujeita a erosão através de enxurradas na superfície. Quando, durante a IV dinastia, foi erguido o complexo mortuário de Kéfren, o Templo da Esfinge passou por uma segunda fase de construção, durante a qual foram feitas modificações em suas paredes norte e sul. Como tais modificações ocorreram depois que Kéops extraiu pedras do planalto, as pedras calcárias recentemente expostas não ficaram sujeitas à erosão provocada por enxurradas da chuva e, por isso, não mostram o mesmo padrão de intensa degradação que podemos ver em otros locais da área circundada pelos muros.
Outro fato que chamou a atenção de Reader foi o de que as pedreiras exploradas no tempo de Kéops estão limitadas pela calçada que liga a esfinge ao seu templo. Ora, segundo a arqueologia tradicional, a calçada teria sido construída por Kéfren e não existia no tempo de Kéops e, portanto, não haveria motivo para que a pedreira não avançasse sobre uma área na qual nada havia sido construído ainda. A sequência convencional dos acontecimentos — diz ele — requer que aceitemos que os trabalhadores de Kéops se deram ao trabalho de iniciar uma segunda pedreira ao sul da calçada, ao invés de remover uma massa linear de pedra, a qual, na ocasião, não tinha qualquer propósito aparente. O alinhamento comum da calçada e da parte sul do muro que circunda a esfinge indica que, como a escavação do monumento e a construção do seu templo, o alinhamento da calçada de "Kéfren" foi estabelecido algum tempo antes da construção do complexo mortuário de Kéops. Sob esta sucessão revisada do desenvolvimento dos fatos, a interpretação da relação espacial entre a calçada e as pedreiras de Kéops fica bastante clara - com a calçada limitando a extensáo dos trabalhos de uma exploração posterior da pedreira.
Diferentemente de Schoch, Reader prefere datar a esfinge apenas de três a seis séculos antes de Kéops, baseado em que a construção em pedra não parece ter surgido no Egito antes disso. Ele afirma que ao analisar a intensidade da degradação dos muros no lado oeste e as taxas segundo as quais os processos geológicos como a erosão operam, concluiu que a esfinge foi esculpida não apenas antes do reinado de Kéops mas, provavelmente, antes da IVdinastia. Para datar a construção de um complexo desta natureza, referências têm sido feitas ao que sabemos sobre o uso da pedra na arquitetura do antigo Egito. A base dessa linha de raciocínio é que a cultura que empreendeu a construção do complexo de culto em Gizé deve ter tido a experiência e desenvolvido a habilidade para trabalhar a pedra. O uso mais antigo da pedra que se conhece no antigo Egito data do período pré-dinástico. Mas este uso ficou restrito em grande parte ao assentamento de monólitos, enquanto que o uso de alvenaria de pedra para o complexo da esfinge sugere uma época posterior na qual teria surgido um método mais desenvolvido de construção com pedras. Na foto acima, desenho feito em 1737 por Frederic Louis Norden, um capitão naval e explorador dinamarquês.
Geralmente se afirma que a mais antiga estrutura de pedra do Egito é a pirâmide de degraus de Djoser (c. 2630 a 2611 a.C.), da III dinastia (c. 2649 a 2575 a.C.). De acordo com Reader, isso é um equívoco. Uso de blocos de pedra como elementos arquitetônicos já aparecem em túmulos das duas primeiras dinastias, ou seja, entre 2920 e 2649 a.C. A Pedra de Palermo atribui construções em pedra ao último faraó da II Dinastia (c. 2770 a 2649 a.C.), Khasekhemwy. Escavações em Helwan, perto do Cairo, apontam na mesma direção. O relatório dos arqueólogos
afirma que a tumba escavada, datada do final de I dinastia (c. 2920 a 2770 a.C.) ou início da II dinastia, é fruto de uma considerável experiência no projeto de estruturas monumentais de pedra. A presença desse túmulo confirma um fato já conhecido anteriormente mas que nunca foi amplamente aceito: a existência de uma escola de alvenaria de pedra na área de Mênfis, que permitiu aos reis e elites deste período empregarem construções de pedras megaliticas centenas de anos antes das pirâmides serem erguidas. Reader concluiu que havia capacidade de trabalho escultório em pedra no início do período dinástico, mas que nada existe nos registros arqueológicos que indique trabalho em larga escala com alvenaria de pedra antes deste tempo.
Duas tumbas parecem indicar que houve atividades em Gizé no início do período dinástico. No túmulo da rainha Khentkaus Ire, visto ao lado, e no de Kai as camadas superiores de pedra calcária estão afetadas por características da erosão que se assemelham, embora com intensidade menor, às características das paredes oeste do muro que rodeia a esfinge. No entender de Reader, tais características se formaram antes que o padrão de drenagem da superfície de Gizé fosse alterado pelo desenvolvimento do local em larga escala no decorrer da IV dinastia. Como essas duas tumbas estão localizadas dentro da área da pedreira de Kéops ao sul da calçada (zona não hachureada no desenho acima) foram, naquela dinastia, afetadas pela extração das pedras e mudança na declividade do terreno. Além das características destes dois túmulos sugerirem erosão anterior à IV dinastia, um outro grupo de particularidades também indicam para eles uma origem do início do período dinástico. Nas partes inferiores das paredes destas tumbas existem os restos desgastados da decoração na forma de fachada de palácio, um traço típico do estilo arquitetônico daquele período. O túmulo de Khentkaus Ire foi revestido de pedra calcária na IV dinastia e esse revestimento cobriu a decoração, sugerindo que a mesma é anterior ao uso da tumba nessa dinastia. O uso da fachada de palácio do início do período dinástico no exterior das duas tumbas difere significativamente do estilo arquitetônico austero geralmente adotado em Gizé na IV dinastia, com fachadas lisas interrompidas apenas por falsas-portas e nichos individuais para oferendas. Tudo isso sugere a Reader que os dois túmulos, antes de abrigarem os corpos de Khentkaus Ire e de Kai durante a IV dinastia, fizeram originalmente parte do desenvolvimento de Gizé no início do período dinástico, quando o foco estava voltado para a esfinge e construções a ela associadas.
Os arqueólogos acreditam que qualquer estrutura anterior à IV dinastia seria preservada em Gizé no reinado de Kéops se tivesse algum significado religioso, possivelmente formando parte de um templo ou complexo de culto. Na visão de Reader, a esfinge pode ter sido um local sagrado conectado a um primitivo culto solar. Segundo ele, existem evidências arqueológicas de atividades na necrópole de Gizé no período pré-dinástico tardio, ou seja, cerca de 3000 anos a.C. Nessa ocasião o planalto de Gizé pode ter alcançado alguma importância religiosa local, com o foco principal de veneração tendo sido o proeminente outeiro no qual a esfinge foi esculpida mais tarde. Como se sabe, o leão era considerado um guardião das portas do mundo subterrâneo nos horizontes leste e oeste e tal crença data, provavelmente, da mais remota antiguidade. Talvez se parecendo com a cabeça de um leão, esse outeiro virado para o sol nascente tenha sido associado ao culto solar, justificando a construção de seu próprio templo de culto. Tal templo, construído de tijolos ou junco, poderia ter sido erguido na frente do outeiro. Um segundo templo, dedicado ao sol poente, poderia ter sido arquitetado de tal maneira que, quando visto do vale do Nilo, ocupasse uma posição proeminente em uma baixa colina no horizonte ocidental.
Existem, também, evidências arqueológicas da importância de Gizé no período entre a I e a III dinastias (c. 2920 a 2575 a.C.). Nessa época é possível que, na medida em que a técnica do trabalho em pedra e a teologia do culto solar foram se aperfeiçoando, tenha surgido a idéia de liberar o corpo do leão da pedra. Esse pensamento teria resultado na escultura de uma esfinge, possivelmente com uma cabeça leonina, e na construção dos templos para o sol nascente e o sol poente, agora em pedra e unidos por uma calçada.
Quando escolheu o local para construir seu complexo mortuário, Kéops optou pela área do culto solar já existente em Gizé. Essa escolha de localização pode explicar o nome dado para a pirâmide desse faraó pelos antigos egípcios: A Pirâmide que É o Lugar do Nascer e do Pôr do Sol. No reinado do sucessor de Kéops, Radjedef (c. 2528 a 2520), o nome Rá foi incorporado ao cartucho real. Certamente no reinado de Kéfren o princípio do faraó como manifestação terrestre do deus-Sol se desenvolveu ainda mais. Para fortalecer essa associação, é possível que Kéfren tenha incorporado o complexo de culto solar já existente ao seu próprio complexo mortuário. Ao fazê-lo, ele construiu seu próprio templo do vale, modificou o Templo da Esfinge, construiu um caminho coberto para procissões ao longo da calçada já existente e incorporou o Templo Mortuário que também já existia ao seu próprio Templo Mortuário. Kéfren também pode ter sido responsável pela alvenaria — a qual os arqueólogos consideram como característica do Império Antigo — que foi colocada no corpo da esfinge e por refazer a cabeça da figura dando-lhe uma forma humana, embora, como já vimos, um perito da polícia de New York tenha demonstrado que ela não foi esculpida para produzir semelhança com o rosto desse faraó. Reader é enfático: Indubitavelmente, Kéfren teve grande influência sobre a esfinge - mas não como seu construtor. Eu acredito que o leiaute sem igual do complexo mortuário de Kéfren, o qual incluiu a esfinge e o Templo da Esfinge foi desenvolvido como resultado da usurpação ou re-construção do complexo do culto solar ja existente feito por aquele faraó.
Na ilustração acima, a esfinge como aparece na obra Description de l'Egypte publicada em 1809.
Com relação ao Templo Mortuário que fica junto da pirâmide, bastante deteriorado como podemos ver na foto de Jon Bodsworth ao lado, Reader acredita que possa ter sido uma construção de duas fases. A metade ocidental (assinalada em verde na figura esquemática desta página) é semelhante a outros templos mortuários do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.), mas a metade leste (assinalada em azul na figura esquemática desta página) foi construída com blocos megalíticos que parecem bem mais antigos e pode ter sido parte de um complexo da esfinge anteriormente existente. As duas partes têm estilos arquitetônicos diferentes. A parte mais próxima da pirâmide tem fileiras de pedras baixas, de tamanho moderado, bem esquadrejadas, sendo que uma grande proporção desta parte do templo é formada por um espaço aberto. Por outro lado, a outra parte é formada por bloclos gigantescos, cada um deles equivalendo a várias fileiras de blocos da metade ocidental. Uma grande parte desta seção do templo é formada por blocos de pedra e tem relativamente pouco espaço aberto.
O chão do Templo da Esfinge, visto na foto abaixo em primeiro plano, encontra-se a uns três metros abaixo do nível da área que cerca a esfinge. O que separa os dois pisos é um corte vertical que forma a parede ocidental do próprio templo. Além desta parede, algumas das paredes internas na parte traseira do Templo da Esfinge também são esculpidas da pedra calcária in-situ, ao invés de terem sido construídas de alvenaria, como é a norma nos demais locais. Na extremidade leste da metade oriental do Templo Mortuário, esta mesma característica arquitetônica incomum pode ser vista. Novamente as partes mais baixas das paredes parecem ter sido cortadas do leito da rocha quando o nível do chão foi intencionalmente rebaixado para produzir o nivelamento da área. Como aconteceu com o Templo da Esfinge, a altura total da estrutura foi alcançada sobrepondo-se alvenaria nestas paredes mais baixas cortadas na pedra. Reader vê nesta característica comum das duas construções mais um indício de que seriam ambas de época anterior a Kéops.
Depois de fazer essas considerações, Reader reconhece que as poucas centenas de anos abrangidas por sua sequência dos fatos é muito menor do que os milhares de anos propostos por Schoch para o desenvolvimento da degradação mais intensa ocorrida nos muros que cercam a esfinge a oeste. Ele considera, entretanto, que pela natureza relativamente fraca das pedras calcárias em questão e pelas condições particulares criadoras de desgaste e erosão que prevaleceram durante esse tempo, é inteiramente concebível que aquela degradação mais intensa tenha ocorrido nessa escala temporal tão reduzida. Robert Schoch discorda dessa avaliação, pois não acredita que a profundidade da erosão ocorrida nos muros pudesse ter acontecido em apenas alguns séculos. Mastabas de adobe em Saqqara — que inquestionavelmente ficariam expostas à chuva — teriam sofrido severa erosão caso tivesse havido, depois de 3000 anos a.C., precipitações atmosféricas suficientes para causar o desgaste que vemos hoje nos muros que circundam a esfinge.
Os críticos da teoria de Reader afirmam que as faces ocidentais dos muros que cercam a esfinge poderiam se desgastar mais severamente por efeitos térmicos combinados com efeitos químicos, uma vez que elas ficam expostas ao sol nascente todas as manhãs. Ainda perguntam se há fissuras verticais semelhantes em rochas naturais expostas ou em outros monumentos sujeitos a enchentes repentinas e se tais fissuras estão ausentes de edifícios posteriores que também foram expostos ao escoamentos de água. Indagam se existem dados comparativos sobre fluxo de água em cima de pedreiras nos quais se possa basear um julgamento sobre a suscetibilidade de tais pedreiras às enxurradas. Outra observação vai no sentido de que há pobreza de vestígios em Gizé referentes ao período que antecedeu a IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.) e evidências contra a existência de adoração do Sol antes daquela época.
Retrucando tais comentários, Reader observa que o tórax da esfinge, feito da mesma pedra que o muro ocidental e virado para a mesma direção e, portanto, sujeito aos mesmos efeitos térmicos, não mostra as profundas fendas verticais da parede ocidental do muro circundante, como pode ser verificado na foto à direita. Ele também nota que tumbas cortadas no outro lado da parede ocidental durante a XXVI dinastia (664 a 525 a.C.) ainda mostram marcas de ferramentas que deveriam ter desaparecido se o desgaste químico fosse o único responsável pela condição das paredes. Assegura não ser provável que a enxurrada tivesse sido significativa depois que foram escavadas as pedreiras atrás da esfinge, pois é geralmente aceito que areia e escombros de pedra não consolidados são mais permeáveis do que pedra intacta. Embora reconhecendo a necessidade de um trabalho comparativo adicional, não considera que seus críticos tenham apresentado argumentos suficientemente fortes para derrubar sua teoria. Na defesa da existência de um culto solar anterior à IV dinastia ele cita trabalho do arqueólogo Karl Kromer que teria encontrado vestígios desta possibilidade.
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