Mais de 120 imagens de barcos egípcios antigos foram descobertas adornando as paredes de gesso branco do interior de um edifício aubterrâneo em Abido em outubro de 2016. As imagens se estendem por 25 metros e as maiores, com riqueza de detalhes, têm quase um metro e meio de comprimento e mostram grandes barcos retratados com mastros, velas, cordames, casas de convés, cabines, lemes, remos e, em alguns casos, remadores. Outras imagens são pequenas e simples, sendo que as menores atingem apenas 10 cm de comprimento, informaram os arqueólogos. Além disso, embora haja uma boa variação no tamanho e na complexidade das imagens, há uma coesão geral nos desenhos e fica claro que os barcos não foram criados por um único indivíduo, mas por um grande grupo para comemorar sua conexão com a embarcação. Além dos barcos, as paredes contém imagens gravadas de gazelas, gado e flores. Na antiguidade a quantidade de desenhos deve ter sido maior.
O edifício foi extremamente bem construído e é um excelente exemplo da arquitetura faraônica com tijolos de barro. Remonta há mais de 3800 anos e foi erguido 65 metros a leste da frente do túmulo do faraó Sesóstris III (c. 1878 a 1841 a.C.). Diante desta série de imagens estaria enterrado um barco de madeira, de quase 20 metros de comprimento, que ali foi depositado intacto, mas depois desmontado para reutilização da madeira e dele só restaram cinco pranchas. Perto da entrada da construção — cujo interior mede cerca de 21 m por 6,5 m — foram descobertos mais de 145 vasos de cerâmica, muitos dos quais estão enterrados com o pescoço voltado para a entrada do recinto. Os recipientes são frascos de armazenamento de líquidos com pescoço, geralmente denominados "frascos de cerveja", embora provavelmente fossem usados para armazenamento e transporte de uma variedade de líquidos. Podem ter sido usados na cerimônia funerária daquele faraó para derramar água no chão, o que faria o barco flutuar simbolicamente. Fotos © Dr. Josef Wegner
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