Descobertas Arqueológicas |
A arqueóloga britânica Joann Fletcher acredita ter encontrado a múmia de Nefertiti, a famosa esposa do faraó herético Akenaton. Depois de 12 anos de estudos ela chegou à conclusão, em 2005, que um dos corpos existentes na chamada tumba KV35 do Vale dos Reis pertenceu àquela rainha. A opinião não é compartilhada por grande parte dos egiptólogos mais famosos, mas Fletcher prossegue na batalha para provar sua tese. A pesquisadora acredita ter acumulado dados científicos suficientes para poder fazer essa ousada afirmação sem hesitar. Ou, pelo menos, de que a múmia pertence a uma mulher egípcia com significativos poderes reais pertencente aos últimos anos da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.). Outra das possibilidades é a de que a múmia pertença a uma das filhas de Nefertiti, no que alguns arqueólogos acreditam. A múmia, que tem a cabeça raspada e cujas bandagens foram retiradas, está enigmaticamente danificada. Em 2005 Joann Fletcher completou 37 anos de idade e desde os 22 anos vem estudando numerosas múmias pertencentes a várias culturas antigas. No passado, quando trabalhava numa tese sobre o cabelo usado pelos egípcios, chamou-lhe a atenção uma peruca que havia sido descrita na literatura por Victor Loret, descobridor da tumba KV35 em 1898. Ele informou ter encontrado, em uma das câmaras laterais da tumba, junto a uma múmia de cabeça raspada, um aplique cuja contorno se assemelhava fortemente com o do famoso busto de Nefertiti do Museu de Berlim. No decorrer da pesquisa ela viu no Museu do Cairo um aplique sem etiqueta que, em investigação posterior, descobriu ter vindo da tumba KV35. A curta peruca incompleta parecia ter sido produzida, provavelmente, no estilo núbio, como era usado pelas mulheres reais de Amarna. A múmia outrora conhecida como "a mulher mais jovem" (Nefertiti?) está junto de outros dois corpos. Os três foram antigamente desprovidos da maioria de suas bandagens e, então, desapareceram as identidades que provavelmente teriam sido inscritas nelas. A cabeça raspada é apenas uma das coisas que diferenciam Nefertiti da "mulher mais velha" (rainha Teye?) com seus cabelos longos e soltos e unhas perfeitamente tratadas, e do "menino" (príncipe Tutmósis?) com seu penteado em trança lateral característico dos jovens. Um dos indícios de que talvez a múmia seja de Nefertiti, segundo Fletcher, é o fato de que os dedos de seu braço direito estão dobrados como se estivessem segurando um cetro real e apenas a reis e rainhas era dado o privilégio de serem enterrados com essa insígnia de poder. Outra pista são marcas no crânio que podem ter sido deixadas pela faixa apertada que ela usava na cabeça. Um terceiro indicadivo é o fato de que os lóbulos das orelhas estão duplamente perfurados, já que se acredita que a esposa de Akenaton foi uma das duas únicas mulheres reais egípcias que usaram dois brincos em cada orelha. A face da múmia que pode ser a de Nefertiti está mutilada: a boca foi arrancada de forma selvagem. O braço direito foi separado do corpo abaixo do ombro. O tórax tem um enorme buraco nele. Estas são apenas as atrocidades mais visíveis. Há ainda outras que estão sendo analisadas pelos peritos como, por exemplo, nos pés. Presume-se que os ladrões de tumbas mutilavam os corpos na procura por jóias. Nesse caso, porém, há evidências de que os corpos foram cuidadosa e intencionalmente mutilados depois de retiradas suas bandagens. Os técnicos tentam determinar que tipo de arma teria infligido os ferimentos. Bronze, por exemplo, era um metal precioso. Quem teria tido acesso a ele? Alguém sistematicamente danificou a múmia com lâminas afiadas que cortaram diretamente até ao osso. Os antigos egípcios acreditavam que um dano causado ao cadáver poderia tornar o corpo incapaz de reviver no além túmulo. Privando-se um corpo de sua boca, por exemplo, a alma seria privada do sopro da vida; desfigurando seus pés, o corpo ficaria incapacitado de andar na vida após a morte. Tudo indica que os mutiladores estavam tentando levar Nefertiti a uma danação eterna. Pelo menos um dos ferimentos na múmia que seria de Nefertiti pode ter sido causado em vida e resultado em severa perda de sangue. Como nada sabemos sobre as circunstâncias que envolveram a morte da rainha, agora talvez estejam surgindo pistas de que não teria sido uma morte natural.
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